São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Paulinho encontra o povo

FERNANDO OLIVA
DA REDAÇÃO

Paulinho da Viola quer deixar bem claro que São Paulo ainda não viu a verdadeira estréia de "Bebadosamba", disco lançado após oito anos de jejum. Nas palavras do sambista, o público paulistano vai assistir hoje "a um show de Paulinho da Viola".
Depois de Originais do Samba, Royce do Cavaco, Katinguelê, Thobias da Vai-Vai e Martinho da Vila, Paulinho fecha o projeto "Escolas do Samba".
Em local aberto (o Sesc Interlagos) e com preços mais do que acessíveis (o ingresso mais caro custa R$ 5), o cantor e compositor recheou o repertório com uma seleção de sambas já consagrados, como "Foi um Rio que Passou em Minha Vida", "Coração Leviano" e "Dança da Solidão".
Apesar da apresentação de hoje estar baseada no último disco de Paulinho (veja roteiro abaixo), ainda não se trata da revanche de 16 de novembro de 1996.
Nesse dia, quem foi ao Tom Brasil para o primeiro show "Bebadosamba" em São Paulo teve de conviver com câmeras de TV passeando à frente do palco e com a repetição de várias músicas.
Era um especial para a Rede Bandeirantes -o "Cantos de Brasil"- e o público alvo estava a 14 dias de distância da noite do dia 30, quando o show foi ao ar.
Mas a redenção parece estar a caminho. São Paulo ainda vai assistir a uma estréia apropriada de "Bebadosamba", promete o sambista. Só que, bem a seu modo, Paulinho não demonstra pressa e confirma apenas a reestréia em palcos cariocas para o começo de abril.
A partir da próxima semana, Paulinho entra em estúdio para gravar um especial de "Bebadosamba" para a MTV, que ainda não tem data para ir ao ar.
Por telefone, de sua casa no Rio de Janeiro, ele falou à Folha sobre a apresentação de hoje e a estréia "para valer" do show de seu último disco na cidade.
*
Folha - As câmeras de TV e a parafernália eletrônica acabaram prejudicaram o andamento de seu show no Tom Brasil. Por que você não considera esta apresentação do "Bebadosamba" a estréia do disco em São Paulo?
Paulinho - Aquele foi um especial para a televisão. Mas acho que não fui tão prejudicado assim. Tivemos de interromper algumas vezes por que era uma gravação... Mas eu estava à vontade no palco, conversei com o público. Acho que eles até gostaram, tinha aquela brincadeira de "isso, repete mesmo". O problema é que ficou um pouco longo.
Folha - Quando São Paulo vai assistir ao "Bebadosamba" sem esse tipo de interferência?
Paulinho - Bom, primeiro será no Rio, provavelmente no começo de abril. Logo depois pretendo refazer o show em São Paulo, com palco, iluminação e repertório apropriado. Aí é outra história.
Folha - E como será o show de hoje?
Paulinho - Vai ser bastante aberto e conduzido de acordo com o interesse do público. Estou preparando um repertório que tenha mais músicas conhecidas, como "Para um Amor no Recife", gravada pela Marina, "Dança da Solidão", que ficou famosa na voz da Marina, "Coração Leviano", já gravada por Clara Nunes, Djavan e por mim, e "Coisas do Mundo, Minha Nega", que é o samba que eu mais gosto. "Pecado Capital" pode entrar no bis.
Vou fazer um show bem popular, que é para causar uma empatia maior com a platéia. O público cobra muito isso, porque, muitas vezes, não tem oportunidade de ver o artista cantando a música que ele gosta. Às vezes reclamam, "pô, você não cantou aquela..."

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