São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O GOL QUE FALTA

Apenas 12 anos, entre a primeira e a terceira vitória nos torneios mundiais de futebol, bastaram para que o Brasil ficasse conhecido, a partir de 1970, como o "país do futebol".
Mas o glorioso título camuflava muitas mazelas do cotidiano desse esporte no país: jogadores que meteoricamente atingiam a fama e caíam no ostracismo; dirigentes que faziam dos clubes a extensão dos negócios privados; corrupção envolvendo as arbitragens e absoluta falta de transparência no controle das rendas obtidas nos campeonatos, para citar apenas algumas das doenças crônicas então verificadas.
O caderno "País do Futebol", que a Folha publica hoje, indica que, apesar da profissionalização por que passou esse esporte no Brasil nos últimos anos, nele se observam dois universos muito distantes. De um lado, alguns clubes que sobrevivem com o patrocínio de grandes empresas e assim mantêm vultosos contratos com uma elite de jogadores. De outro, uma maioria de agremiações e atletas que a duras penas tenta sobreviver na disputa dos campeonatos regionais e nacionais.
Sinal evidente de que ainda há muito a fazer para que o futebol brasileiro justifique a reputação obtida há 27 anos. Também para o mundo do esporte bretão, a palavra de ordem hoje é modernização. E esse caminho os europeus vêm trilhando com maior sucesso, justamente desde a derrota na Copa do Mundo de 70.
Há muitos desafios: conquistar transparência no controle das rendas obtidas nas bilheterias, nos contratos com televisão e na venda de jogadores para que o esporte gere recursos para seu custeio; combate ao coronelismo, que nos clubes e federações tem servido de trampolim para a política; revitalização gerencial dos clubes; formulação de calendários de competição exequíveis, que não desgastem os jogadores nem a imagem do esporte junto à população.
É fundamental valorizar o papel estratégico do futebol brasileiro, até mesmo como atividade econômica.

Texto Anterior: COMÉRCIO É POLÍTICA
Próximo Texto: O pôquer de Covas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.