São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997 |
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Polícia Federal fará blitz em corretoras
FERNANDO GODINHO; ALEX RIBEIRO; DANIEL BRAMATTI
A direção da CPI não revelou o nome das empresas a investigar. A CPI já quebrou os sigilos bancário, fiscal e telefônico de 15 empresas hoje em funcionamento, que também vinham sendo investigadas pelo Banco Central. Essas empresas são: os bancos Cédula, Investor, Tecnicorp e Pontual e as corretoras Cedro, Torre, Aplik, Valor, Porto Seguro, Astra, Paper, Leptus, Credicorp, Áurea e Construta. 72 horas Segundo o senador Roberto Requião (PMDB-PR), relator da CPI, a nova blitz será feita "dentro das próximas 72 horas". Ele não quis revelar mais detalhes da operação. "Se eu contasse, perderia o segredo e não seria possível fazer as buscas", disse Requião. A busca direta de documentos nas empresas é a forma mais prática de a CPI conseguir provas das irregularidades nas operações com títulos. A comissão começou a avançar depois da blitz, em São Paulo, quinta-feira passada, em quatro distribuidoras (Olímpia, Ativação, Negocial e Split) e um banco (Divisa). Ontem, a CPI pediu a ajuda da Procuradoria Geral da República para reforçar as investigações. Requião encontrou-se com o procurador-geral, Geraldo Brindeiro, fez um relato dos trabalhos e pediu que fossem indicados três subprocuradores para acompanhar a comissão. Dados sigilosos A idéia é que a Procuradoria tenha acesso aos dados sigilosos levantados pela CPI e, assim, aja desde já. "Não vamos esperar o fim da CPI. A Procuradoria poderá tomar outros caminhos", disse. Segundo o senador, será sugerida na reunião de hoje da CPI a abertura de informações sigilosas também para a Receita Federal e a Polícia Federal. "Na CPI obteremos dados sigilosos e, com base neles, o Ministério Público deverá agir. Os envolvidos poderão ser processados criminalmente, dependendo das informações levantadas", disse Brindeiro. Doleiros da Perfil A partir da primeira blitz, na quinta-feira passada, a CPI começou ontem a montar uma nova relação de doleiros envolvidos com as corretoras que operaram com títulos. A nova lista terá, segundo o senador Vilson Kleinubing (PFL-SC), sub-relator da CPI, 'èntre 50 e 100 doleiros" espalhados por todo o país. Eles teriam concentrado suas operações em três empresas contratadas pela corretora Perfil, que atuou com a distribuidora Vetor no lançamento de R$ 605 milhões em títulos do governo de Santa Catarina. Segundo as investigações da CPI, esses doleiros receberam R$ 26 milhões da Perfil, por meio de três empresas especializadas em operações de câmbio que foram contratadas pela corretora. Esse dinheiro saiu da "taxa de sucesso" de R$ 33 milhões paga ao Vetor pelo governo catarinense. A taxa foi paga pela aprovação da emissão pelo Banco Central e pelo Senado, assim como pela colocação dos títulos no mercado. Tanto o Vetor como a Perfil foram liquidados pelo BC na semana passada, devido a operações irregulares com títulos públicos de Estados e municípios entre 1995 e 1996. Kleinubing avalia que a conexão entre corretoras e doleiros explica 'à lógica da taxa de sucesso". Para ele, 'à taxa ficou para quem ajudou a mascarar e realizar as emissões". A CPI já possuía uma lista de 16 nomes que receberam cheques da IBF Factoring, empresa que faturou cerca de R$ 100 milhões nas operações com títulos de Pernambuco, Santa Catarina e Alagoas -em conjunto com a corretora Split (também já liquidada pelo BC). (FERNANDO GODINHO, ALEX RIBEIRO e DANIEL BRAMATTI) Texto Anterior: Corretora operou com até 100 doleiros Próximo Texto: Ex-secretário muda sede da empresa Índice |
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