São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Família de doleiro acha atropelamento suspeito

XICO SÁ

enviado especial a Ciudad Del Este (Paraguai) e Foz do Iguaçu(PR)
Familiares do doleiro Holf Kramer, uma das pessoas que receberam cheques do esquema dos precatórios, suspeitam que a sua morte pode ter ligação com o esquema.
Kramer era sócio de uma casa de câmbio em Ciudad Del Este e morreu no último dia 30, quando andava em uma moto no centro de Foz do Iguaçu. Ele foi atingido por um carro com placa da Argentina.
Sete dias antes do acidente, a CPI que apura fraudes com precatórios havia iniciado os pedidos de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de possíveis envolvidos.
Em pânico, os familiares pedem reserva dos seus nomes. O pai de Holf, Alberto Kramer, evita a suspeita sobre a morte, mas ontem disse que seu filho teria sido apenas "usado por grandões".
A mulher do doleiro, Suzi Kramer, que havia reatado recentemente o casamento depois de dois anos de separação, deixou Foz do Iguaçu ontem à tarde. Segundo parentes, ela foi descansar em uma praia distante.
Doleiros unidos
Segundo apurou a Folha junto a donos de casas de câmbio em Ciudad Del Este, os doleiros revelados pela CPI trabalhavam sempre juntos e eram orientados por Carmem Alonso de Javier.
Conhecida em seu país pela habilidade em montar esquemas de lavagem de dinheiro para brasileiros, ela teria negociado o recebimento de cheques da empresa IBF Factoring para Holf Kramer, Benício Alonso Godoy e Miguel Sosa.
Juntos, os doleiros que agiam entre Foz do Iguaçu e Ciudad Del Leste receberam pelo menos R$ 27,9 milhões. O senador Roberto Requião, que preside a CPI, aposta nos depoimentos dos doleiros para desvendar o mistério sobre o destino do dinheiro.
Os cheques para os doleiros foram emitidos pela IBF Factoring, empresa de São Paulo usada como "laranja" nas operações.

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