São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Polícia apura conivência de investigadores

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado-geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo, Antônio Carlos de Castro Machado, afirmou ontem à noite que a corregedoria está acompanhando as investigações sobre falsificação de atestados de óbito para descobrir se houve conivência, por omissão, dos investigadores que trabalham nos hospitais.
"Queremos saber até que ponto essa suposta omissão contribuiu para a fraude e se também houve descumprimento da rotina de trabalho normal", declarou Machado. Segundo o delegado, em média, trabalham dois investigadores por hospital.
"A conduta profissional dos envolvidos, caso haja, será alvo de exame", disse Machado. Além disso, serão instaurados processos administrativos.
O descobrimento do esquema de falsificação de atestados de óbitos em hospitais deverá fazer com que a Polícia Civil altere a forma de atuação dos investigadores que trabalham nos estabelecimentos, que passarão a acompanhar mais de perto os casos de morte.
Isso porque, além das fraudes, casos de morte violenta (pessoas que morreram em decorrência de ferimentos a bala, por exemplo) acabaram não sendo levados ao conhecimento da polícia, pois não havia registro da ocorrência.
Machado afirmou também que estuda a possibilidade de aumentar o número de investigadores que trabalham em hospitais.
Devassa
A devassa que a polícia anunciou fazer ontem em todos os hospitais públicos, agências funerárias e cartórios da Grande São Paulo e da capital poderá ser estendida para todo o Estado.
"Não excluo essa probabilidade", declarou Machado. Até o final desta semana, o delegado-geral deverá ter uma definição a respeito do assunto.
Para tomar a decisão, Machado está aguardando o desenrolar das investigações conduzidas pela Delegacia Seccional Sul. "Só precisamos descobrir o modus operandi da quadrilha", afirmou.
Na capital e na Grande São Paulo, serão analisados todos os atestados de óbito de pessoas que morreram em hospitais públicos desde janeiro de 95, quando entrou em vigor a lei que liberou o transporte intermunicipal de cadáveres.
Essa operação, que começou ontem, é conduzida por policiais do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital) e do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo).
Caso as investigações sejam estendidas para o interior do Estado, Machado afirmou que elas serão conduzidas por equipes da capital, que receberiam apoio das delegacias locais.
O delegado Romeu Tuma Júnior realiza uma reunião hoje para definir novas estratégias de investigação. A princípio, não está previsto o depoimento de nenhum dos envolvidos no caso.
Ontem, foram requisitadas todas as documentações envolvendo as transações realizadas nas sete agências funerárias sob suspeita em São Caetano.

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