São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Encomendas à indústria estão estáveis

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As encomendas do comércio feitas à indústria estão praticamente estáveis desde o segundo semestre de 1996.
Há pequenas oscilações no ritmo de atividade, mas não sugerem aquecimento ou desaquecimento da economia.
A análise é de Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Tabacof tenta auxiliar José Roberto Mendonça de Barros, secretário de Política Econômica da Fazenda, que, na última segunda-feira, disse sentir falta de um indicador que acuse o ritmo de pedidos do comércio à indústria.
É que o governo ainda não tem claro se a economia está ou não superaquecida. Tabacof não tem dúvida: "A economia está, sim, estabilizada".
Alguns setores da indústria, afirma, entraram em 1997 mais estocados do que outros -como é o caso do eletroeletrônico- e foram obrigados a se ajustar por meio da redução da produção e da "queima" de estoques.
Essas empresas que superestimaram as vendas para o final do ano passado, continua Tabacof, já estão escoando as sobras e voltando a operar no mesmo ritmo do segundo semestre de 1996.
Sem pressão
Tabacof diz que a utilização da capacidade instalada das fábricas é pouco menor do que 80%, o que considera um bom número. "É sinal de conforto na economia. É sinal de que não há pressão na produção, nem nos preços."
Para ele, só novos fatores podem alimentar o crescimento da economia, como novos investimentos e aumento das exportações.
Roberto Macedo, presidente da Eletros, que reúne a indústria eletroeletrônica, diz que as vendas da indústria para o comércio nos últimos dois meses foram bem fracas.
"Parece que neste mês elas melhoraram um pouco." Ele diz que a indústria de áudio e vídeo virou o ano estocada e está neste momento tentando desovar as sobras.
A linha de eletroportáteis também não foi tão bem quanto esperavam os fabricantes. "As compras do comércio neste início do ano caíram entre 5% e 10% em comparação a igual período do ano passado", diz José Carlos Figueiredo, diretor da Mallory.
Ele diz que o comércio apostou em vendas maiores no final de 1996. Como entrou em 1997 com estoque alto, acabou reduzindo as compras da indústria.
"Tempo não ajudou"
"O tempo também não ajudou muito", diz Figueiredo, lembrando que o grosso das vendas da empresa são os ventiladores e condicionadores de ar.
Para adequar a oferta à demanda, a Mallory reduziu em 15% a produção que havia sido programada para este início de ano. O corte foi de 90 mil para 75 mil peças por mês na linha de ventiladores e condicionadores de ar.
Para Afonso A. Hennel, vice-presidente da Semp Toshiba, o ritmo de encomendas do comércio é o mesmo de igual período de 96. A empresa, portanto, não mexeu na produção. "Está tudo normal."
José Roberto Fonte, gerente de produto da Sharp, diz que as vendas estão num ritmo bom e até um pouco menores do que as de 1996. "De fato, o comércio está desovando estoque de alguns produtos. O nosso está normal, dentro do planejado pela empresa."
Roberto Fonte diz que a Sharp está operando com 80% da sua capacidade. Para este ano, a empresa trabalha com previsão de crescimento de 15% nas vendas de televisores. Em 96, lembra Fonte, o mercado cresceu 44%. "Não haverá mais explosão de vendas."

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