São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997 |
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Billy Corgan encaixota a obsessão por sua música
SÉRGIO TEIXEIRA JR.
"The Aeroplane Flies High" é o nome do mais novo produto da linha The Smashing Pumpkins, a banda que há nove anos começou alternativa e hoje corre o risco de levar até sete prêmios Grammy -o Oscar da música-, o fim da linha para os "indies", o Olimpo da música pop. O show tem de continuar, e a cabeça raspada de Corgan não pára de produzir. E ele acredita que cada música sua mereça ser lançada. Na revista "Guitar World" de janeiro, ele lamentou uma a uma a exclusão das faixas de sua autoria do álbum duplo "Mellon Collie and the Infinite Sadness" (28 músicas) que acabaram entrando na caixa, que tem 33 músicas, incluindo cinco covers. Há coisas boas nela, como não poderia deixar de ser. E muita coisa ruim, atentados ao bom e velho rock, como o cover de "Clones (We're All)", de Alice Cooper, que ganhou um arranjo de teclados de churrascaria e guitarras muito sem-vergonha. Mas a maior qualidade mesmo é mostrar para quem quiser ver que a banda mais falada do último ano e meio está num dilema: para onde ir, o que fazer? O rock retrô-Black Sabbath de "Zero" ou a música eletrônica moderna de "1979"? O CD de "Zero" carrega todo o heavy metal que Corgan e James Iha ouviram na adolescência. Da coleção de riffs, só mesmo o da faixa-título tem pegada. E tem também o possível maior "antibônus track" da história: o inaudível "Pastichio Medley", colagem de 26 minutos com pedaços de 70 músicas diferentes. Muito chato. O mais homogêneo dos singles é o de "Tonight, Tonight", com cinco baladas e uma versão acústica do hit. A melhor música da caixa talvez seja "Rotten Apples", com um clima sombrio conseguido com belo arranjo de teclados e violão dedilhado. Outra balada que vale a pena é "The Last Song", a única escrita e gravada após a conclusão de "Mellon Collie". É a primeira vez que Corgan consegue o "efeito John Lennon", como ele gosta de dizer: cantando na sua sala, exclusivamente para quem está ouvindo. Corgan disse que "The Last Song" ficaria para o próximo disco, mas mudou de idéia. Pode ser uma dica sobre o que as abóboras amassadas vão fazer no futuro. Na caixa, a modernidade fica por conta do cover de "Dreaming" (Blondie), com seus resquícios de tecno, e das ótimas "1979" e "Cherry". Em entrevistas, a banda tem dito que rock "é passado". Resta saber se é parte do passado dos Smashing Pumpkins. Caixa: The Aeroplane Flies High Banda: The Smashing Pumpkins Lançamento: Virgin Quanto: R$ 90, em média Texto Anterior: SMASHING PUMPKINS a melancolia de 30 milhões de CDs Próximo Texto: 'Oscar da música' será entregue hoje Índice |
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