São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Celebridade gera conflito entre pais e filhos no pop latino

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

"Musicalmente, meu filho é um adversário a mais". As palavras são do veterano cantor espanhol Julio Iglesias, 52. A mensagem é para seu filho Enrique.
Na semana passada, o pai de Enrique deve ter acreditado naquela frase ainda mais: o disco "Vivir", de Enrique, tirou do topo da parada latina nos EUA a "Tango", de seu pai, o líder anterior.
Segundo a revista musical Billboard, "Vivir", em 20 dias, chegou ao primeiro lugar de vendas. O terceiro lugar do ranking também é do cantor espanhol de 20 anos.
Apesar de a conta bancária da família estar cada vez mais polpuda, os dois seguem trocando farpas pela mídia desde que Enrique começou a fazer sombra ao pai.
"Quando encontro com meu pai, não falo nada com ele sobre minha carreira", afirma Enrique. Julio Iglesias tentou a reaproximação, convidando-o para que cantassem uma música juntos.
Enrique disse não. "Vou fazer isso, mas só daqui a uns dez anos, quando minha carreira esteja consolidada." Segundo ele, seu pai não o apoiou no início de carreira.
"Eu não sabia que ele estava cantando. Enrique é um garoto independente desde os sete anos. Quando lançou o primeiro disco, aquilo me surpreendeu. Me senti como o marido traído, que é sempre o último a saber", tentou se explicar o pai.
"É prematuro falar de sucesso. Ainda tenho a vida toda pela frente", afirma Enrique, que inicia em março sua turnê norte-americana, começando pelo Estado do Texas.
Problemas familiares
Outro exemplo de astro latino com problemas com um pai artista é Luis Miguel, filho de um cantor espanhol, Luis Rey, e uma cantora italiana, Marcela Basteri.
Luis Miguel, que superou por larga margem em termos de êxito a seu pai, teve uma relação conflituosa com ele, principalmente após a saída de sua mãe de casa, causada pelas brigas entre o casal.
Hoje, com o pai morto e a mãe sem vê-lo há 16 anos, Luis Miguel vive sozinho em Acapulco, na costa mexicana. Essa condição motivou o título de sua última biografia não-autorizada: "O Grande Solitário".
No livro, o pai aparece como um empresário artístico opressor, que ocultou de seu filho até seu lugar de nascimento. Luis Miguel, nascido em Porto Rico, acreditou que era mexicano até pouco tempo.
"Indiretamente, meu sucesso causou muitas crises na família. Isso foi uma pena", diz o cantor.
O fenômeno não pára por aí: a atriz e cantora mexicana Verônica Castro, conhecida no Brasil pela novela "Os Ricos Também Choram", também compete com seu filho Cristian Castro, que já tem quatro discos lançados com um total 5 milhões de cópias vendidas.
Na Argentina, a sucessão hereditária também acontece. Emanuel Ortega começou sua carreira de cantor, enquanto seu pai, Ramón 'Palito' Ortega, entrava na política.
Hoje, Emanuel chegou a condição de astro local. Já seu pai, líder do iê-iê-iê argentino, desistiu do palco e se lançou sua campanha para a eleição presidencial do país, que acontece em 1999.

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