São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Bienal elege hoje seu novo presidente

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os membros do conselho da Fundação Bienal se reúnem hoje, a partir das 17h30, para a decisão mais importante da entidade, pelo menos nos próximos dois anos.
A reunião deve ratificar o nome do empresário Júlio Landmann como novo presidente da entidade, em substituição ao banqueiro Edemar Cid Ferreira, que se manteve à frente da entidade nas duas últimas edições da Bienal.
Polido e político, Landmann falou ontem à Folha sobre seus planos para a próxima edição da Bienal, uma responsabilidade e tanto, levando-se em consideração a movimentação promovida pela edição anterior do evento.
A 23ª edição da Bienal, no ano passado, recebeu cerca de 400 mil visitantes, teve um orçamento de US$ 12 milhões e foi responsável pela vinda ao país de obras de artistas como Louise Bourgeois e Anish Kapoor, além de grandes mostras de Pablo Picasso, Edvard Munch e Andy Warhol.
"É possível pensar em um polimento aqui e ali. Não pretendo fazer grandes mudanças ou avanços, já que participei ativamente de todas as decisões da última edição do evento, ao lado de Edemar Cid Ferreira, Pedro Paulo de Sena Madureira e Jens Olesen", disse Landmann.
Entre esses pequenos polimentos pode-se esperar uma atenção maior à América Latina. Landmann, assim como seu pai, Oscar P. Landmann, o presidente do conselho de honra da Bienal, é um dos grandes defensores de uma participação maior do continente no evento.
Em sua 22ª edição, por exemplo, viabilizou a sala do uruguaio Pedro Figari. Na 23ª edição foi a vez do também uruguaio Torres Garcia. Sobre quem seria seu preferido para a 24ª edição, Landmann mantém segredo. "Prefiro não dar nomes, mas posso dizer que dificilmente será um uruguaio, senão vão me acusar de estar trabalhando para o país", disse.
Landmann também pretende reforçar as representações nacionais. "Algumas vezes, a obra escolhida pelo país não é a melhor do artista selecionado. Dentro dos limites diplomáticos, tentaremos reforçar esse segmento."
Também pretende dar uma ênfase maior à pintura e à escultura. "As performances e instalações são importantes, mas é preciso tentar um equilíbrio", disse.
Landmann usa um exemplo das salas especiais para justificar seu ponto de vista: a artista francesa radicada em Nova York Louise Bourgeois. "Mesmo fora do espaço museológico, Louise Bourgeois foi um sucesso, e com esculturas. Precisamos encontrar outras Louises."
O futuro novo presidente terá como curador-chefe o crítico Paulo Herkenhoff. "Ele vai ter total poder e será responsável por todas as decisões artísticas da próxima Bienal. Vou aceitar todas as suas posições, mas posso adiantar que não gosto de temas específicos. A Bienal precisa de um conceito abrangente e aberto", disse.
O atual presidente Edemar Cid Ferreira e o curador-chefe Nelson Aguilar deixam seus cargos, mas já arrumaram novas funções. Ambos estão trabalhando na Comissão Nacional para as Comemorações do 5º Centenário do Descobrimento do Brasil.

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