São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Elite política se reúne para lembrar Deng

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A elite chinesa se reuniu ontem no Grande Palácio do Povo, em Pequim, para a cerimônia em homenagem ao dirigente comunista Deng Xiaoping, que morreu há uma semana. Cerca de 10 mil convidados, na maioria dirigentes comunistas e militares, lotaram o salão e ouviram o discurso de 50 minutos do presidente Jiang Zemin.
A cerimônia também evidenciou a transição de gerações no comando do país. Comunistas veteranos vestiam a túnica celebrizada por Mao Tse-tung, o líder da revolução, enquanto jovens tecnocratas usavam ternos de estilo ocidental.
Deng Xiaoping morreu aos 92 anos, devido ao mal de Parkinson. Em 1978, deslanchou as reformas que criaram uma das economias mais dinâmicas do planeta.
Deng, no entanto, não admitia o fim do regime de partido único. Chegou a ordenar a violenta repressão ao movimento pró-democracia da praça Tiananmen (1989).
O ex-prefeito de Pequim Peng Zhen, 95, o mais importante líder revolucionário chinês ainda vivo, não compareceu à cerimônia, por problemas de saúde. Outros veteranos, que ainda mantêm influência política, estiveram presentes.
Na cerimônia transmitida ao vivo pela TV e rádio, Jiang Zemin, sucessor indicado por Deng, prometeu continuar as reformas e o "caminho da modernização socialista". Ele usou o lenço duas vezes para enxugar as lágrimas.
No palco do Grande Palácio do Povo, a urna com as cinzas do dirigente morto ficou sob um enorme retrato que mostrava Deng sorrindo. As cinzas deverão ser jogadas ao mar. Deng foi cremado segunda-feira e a cerimônia de ontem marcou o fim do luto oficial.
O início da cerimônia foi marcado pelo soar, durante três minutos, de sirenes de fábricas e apitos de navios e trens. A homenagem durou uma hora e não alterou o cotidiano de Pequim. O comércio ficou aberto. A Bolsa de Mercadorias, resultado das reformas, deixou de operar durante o ato.
Horas antes da cerimônia, a polícia fechou ao público a praça Tiananmen, onde fica o palácio. O governo teme que demonstrações de pesar desaguem em manifestações políticas. Quando a Tiananmen foi reaberta, algumas pessoas colocaram coroas de flores na praça. A polícia retirava as homenagens.
(JS)

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