São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OPÇÃO PELO COLETIVO

Os gigantescos congestionamentos desta semana na capital paulista evidenciam que as grandes obras viárias realizadas nos quatro anos da recente administração malufista estão muito longe de ser a solução para os graves problemas de transporte de uma megalópole como São Paulo.
É certo que o fluxo também vem sendo prejudicado dada a existência de muitas obras iniciadas na gestão passada e ainda inacabadas. Ou o ex-prefeito planejou mal o cronograma das obras, ou, como é frequente no Brasil, direcionou os gastos públicos visando eleger seu sucessor. No primeiro caso, se trabalhasse para uma empresa privada, Maluf seria responsabilizado pelo mau planejamento. Mas, como se trata de administração pública, o ex-prefeito conseguiu passar a imagem de grande administrador, o que lhe permite manter novas ambições políticas.
É claro que resolver o problema do tráfego numa região que concentra a maior frota de veículos do país não é uma tarefa simples. Parece, contudo, óbvio que privilegiar o transporte individual não é a solução.
A ênfase, como mostram as mais bem-sucedidas experiências internacionais, deve ser dada em um transporte coletivo, rápido e de boa qualidade, seja ele metrô, trem ou o sistema de corredores de ônibus. O que importa é dar condições para que o paulistano deixe seu carro em casa com a certeza de que chegará antes e mais confortavelmente a seu destino se optar pelo transporte coletivo.
Nas últimas décadas, os investimentos no setor foram sempre prejudicados pela falta de entrosamento entre as esferas de governo com responsabilidade sobre a cidade de São Paulo. É mais do que urgente que todas entrem num acordo para dar continuidade às obras do metrô e investir em melhorias nos sistemas de trens e ônibus. Caso isso não se materialize, o paulistano continuará a gastar tempo, saúde e dinheiro num trânsito verdadeiramente caótico.

Texto Anterior: TERRA E POLÍTICA
Próximo Texto: O Ipea e o bode
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.