São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Rolou a patrola

FERNANDO RODRIGUES
BRASÍLIA _ DEU A LÓGICA.

O governo esmagou a oposição ontem, mais uma vez, e venceu na votação em segundo turno da emenda da reeleição.
Foram 368 votos a favor, 32 a mais do que o conseguido no dia 28 de janeiro. Um arraso.
Tudo funcionou como se fosse um relógio. A idéia era ter uma previsão de votação por volta das 16h30.
Quando eram 16h28, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), recebeu a primeira informação qualificada. Havia 421 deputados presentes na Casa. Desses, 282 votariam sim com segurança.
Era pouco.
A senha final chegou a Temer por meio do deputado Heráclito Fortes (PFL-PI). "Já há 480 na Casa. Nós temos 321 garantidos", disse Fortes. Eram 17h32. Temer ficou tranquilo.
Os dados eram precisos. Saíram dos computadores controlados pelas lideranças governistas, já usados na votação em primeiro turno.
Assessores do Palácio do Planalto circulavam livremente dentro do plenário da Câmara.
Liam as informações nos computadores e repassavam os dados para os líderes do governo. Era como se não houvesse divisão de Poderes. Executivo e Legislativo eram uma coisa só: juntos, operavam a favor de FHC.
A tentativa de reação da oposição foi patética. Incapaz de conquistar votos para derrubar a emenda, inventou questões de ordem. Queria forçar a exclusão do direito de reeleição para governadores e prefeitos. Um fracasso.
Tudo indica que as reações da oposição serão sempre nesse nível daqui para a frente. "Temos que reagir de forma pontual", murmurava, desolado, o deputado Paulo Bernardo (PT-PR).
A patrola do governo passou por cima de todos os obstáculos. Para ajudar, a pseudo-oposição de Paulo Maluf murchou ontem. Ficou até mais fácil -e barato- para o governo.
Como ninguém duvida que a emenda seja aprovada no Senado, só falta agora FHC mandar passar a motoniveladora sobre a CPI dos Precatórios.

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