São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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Exposição faz viagem pela vida do criador de Corto Maltese

Há 30 anos, era lançada a 1ª aventura da personagem

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A exposição do desenhista Hugo Pratt em Milão (Itália) propõe uma viagem mágica dos mares do Sul até Veneza por entre estampas, quadrinhos, aquarelas e desenhos de um artista tão aventureiro quanto sua personagem mais célebre, Corto Maltese.
"Hugo Pratt, viajante encantado" mostra uma centena de aquarelas e 60 desenhos e séries de estampas -a maioria em preto e branco- desse artista italiano que alcançou fama mundial no universo dos quadrinhos.
A exposição, que pode ser visitada até o dia 30 de março no "Art Center Marino All Scala", foi organizado pela Fundação Trussardi um ano e meio após a morte do desenhista e escritor, nascido em Rimini, mas veneziano de adoção.
A viagem pela obra de Pratt começa na Ilha de Páscoa e termina em uma Veneza oculta e misteriosa, após ter passado pelos mares do Sul, com visitas a Rarotonga, Apia, Nova Zelândia e a fantástica Escondida.
As cores das aquarelas de Pratt -em que alguns enxergam herança de Tiepolo e Canaletto- se sobrepõem aos traços de lápis que marcam os riscos dos personagens de suas histórias.
A maioria das aquarelas sobre as ilhas do Pacífico provêm das reedições das aventuras de Corto Maltese e, em especial, do esplêndido livro de viagem publicado por Pratt um ano antes de sua morte, que combina relatos curtos, pequenas histórias e desenhos.
A exposição é uma oportunidade para celebrar o trigésimo aniversário da publicação de "Uma Balada do Mar Salgado", a primeira aventura de Corto Maltese.
A história foi publicada em capítulos em 1967, em "Sgt. Kirk", uma revista de quadrinhos fundada por Pratt para difundir na Itália o trabalho que havia feito enquanto vivera em Buenos Aires.
Filho de uma lendária prostituta andaluza e de um marinheiro inglês, Corto se converte, durante a exposição, no guia do périplo pela obra de Pratt.
Alguns amantes das aventuras de Corto Maltese, como o crítico literário e romancista Umberto Eco, acreditam que a personagem de Pratt é uma encarnação idealizada do próprio autor.
Além de "Uma Balada do Mar Salgado", publicada como novela poucos meses antes a morte de seu autor, a exposição apresenta outras aventuras, como "Mú" (1992), em que Corto Maltese estabelece comunicação telepática com estátuas notáveis.
O fim da viagem é Veneza, cidade da infância de Pratt, que exerceu influência fundamental em sua obra.
Na parte destinada à cidade se encontram as estampas de "Corto Maltés: sirat al Bunduqiyyah, favola di Venezia" (1977) e retratos de mulheres que serviram para Pratt ilustrar diversos livros de outros autores.
Atenção especial merecem as aquarelas feitas para capa do livro de Chantall Thomas "Casanova" (1985), exemplo do talento multifacetado de um dos artistas que mais contribuíram para fazer dos quadrinhos uma arte do século 20.

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