São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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REELEIÇÃO E TÍTULOS

Quatro semanas depois de ter obtido a aprovação da emenda da reeleição em primeiro turno na Câmara dos Deputados, o governo federal conseguiu não apenas repetir o resultado vitorioso na segunda votação, mas também aumentar em 33 deputados o contingente de apoio à mudança constitucional.
Foram 369 votos a favor do direito à reeleição para os chefes do Executivo em suas três esferas. Novamente, apesar dos recentes atritos entre membros dos partidos que compõem a base governista no Congresso Nacional, o Palácio do Planalto demonstrou ter força suficiente para atingir seus objetivos mais prioritários junto ao Legislativo.
A oposição, mais uma vez, ficou praticamente sem alternativas e sem ação. Aos que desejam combater a emenda ou ao menos modificar seu conteúdo, as esperanças ficam agora num possível efeito político a ser causado pela Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a emissão de títulos públicos. Os oposicionistas parecem crer que, se os resultados envolverem de fato personalidades do poder público, a discussão em torno da emenda será prejudicada.
Adotar tal estratégia significa, no mínimo, deturpar mais uma vez o debate em torno do tema. O trabalho da CPI deve receber o apoio total e irrestrito dos membros tanto do Legislativo como do Executivo, sem qualquer preocupação sobre seus possíveis efeitos políticos. Utilizar a comissão como forma de conquistar dividendos em outros temas nada correlatos seria uma maneira torpe de reagir às derrotas em plenário.
Como já ocorreu nas discussões que antecederam a votação na Câmara, tanto os favoráveis como os contrários à reeleição seguem tentando atrair seus colegas com base em interesses menores. Para que a votação não careça de legitimidade, o debate em torno da reeleição deve seguir no Senado independentemente do que vier a ser descoberto pela CPI. O Congresso precisa aprender a investigar escândalos sem para isso ter de paralisar suas outras atividades.

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