São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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O PAPEL DA MULTA

A polêmica em torno da competência jurídica dos chamados "marronzinhos" para lavrar autos de infração de trânsito na cidade de São Paulo remete a uma discussão sobre as dificuldades do município nessa área.
Naturalmente, ninguém aprecia ser multado. Mas as sanções pecuniárias são uma forma razoavelmente efetiva de disciplinar o trânsito.
A Polícia Militar, que historicamente sempre exerceu esse papel coercitivo na figura do CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito), não tem, como reconhecem especialistas do setor, condições de arcar sozinha com as exigências do tráfego da capital paulista. Exatamente por isso, a Prefeitura de São Paulo estabeleceu convênio com o governo estadual, permitindo que os fiscais da CET pudessem também aplicar multas.
A indisciplina, lamentavelmente, faz parte da cultura de parte dos motoristas, que, muitas vezes, não hesitam em, por exemplo, parar em fila dupla, fazer uma conversão proibida ou fechar um cruzamento. Limitar o poder público de lavrar autos de infrações é de alguma forma contribuir para que a enorme confusão no trânsito paulistano se perpetue.
Infelizmente, as pessoas costumam ser mais sensíveis a seus bolsos do que a argumentos éticos ou morais. Aquele que não usa o cinto de segurança, por exemplo, mesmo quando trafega dentro da área urbana, está claramente arriscando a própria vida. Entretanto, foi apenas quando a prefeitura estabeleceu uma pesada multa para quem dispensasse esse acessório que ele começou de fato a ser empregado em larga escala.
Os fiscais da CET têm, ao lado da Polícia Militar, a difícil missão de tentar disciplinar o tráfego da cidade. Apesar de pouco popular, a multa consiste em um mecanismo importante na execução dessa tarefa.

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