São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consumidor continua sem CDs de Paulinho

FERNANDO OLIVA
DA REDAÇÃO

Por problemas de comunicação entre o varejo e a gravadora EMI, as lojas ainda não providenciaram a troca dos três CDs de Paulinho da Viola que foram distribuídos com defeito.
As lojas não foram informadas de que precisam devolver os lotes com problema e estão aguardando um contato da EMI. A empresa, por sua vez, fica esperando pelas devoluções para proceder à entrega das novas cópias.
"Foi um Rio que Passou em Minha Vida" (70), "Dança da Solidão" (72) e "Memórias 2 - Chorando" (76) integram um pacote de 11 relançamentos do sambista e chegaram ao mercado nacional em novembro do ano passado.
Aos 1m43s de "No Pagode do Vavá" (no disco "Dança da Solidão") e após 1min35s de "Cinco Companheiros" (em "Memórias") entra um "tum-tum" que interrompe a audição.
"Para Não Contrariar Você" (de "Foi um Rio que Passou em Minha Vida") possui aqueles chiados típicos dos antigos vinis de 78 rotações.
Há exatos 30 dias, em 29 de janeiro, a Folha publicou reportagem sobre defeitos nos três discos. A EMI reconhecia os problemas e prometia recolher os discos.
Após um mês, Paulinho acredita que a gravadora já tenha cumprido a promessa e a questão já esteja resolvida (leia entrevista com o sambista nesta página).
Abbey Road
Na trombada dos lojistas com a gravadora, quem sai machucado é o consumidor.
À época dos relançamentos, a EMI vendia como garantia de qualidade dos CDs o fato de terem sido remasterizados em Abbey Road, o célebre estúdio dos Beatles.
A Planet Music Megastore, por exemplo, retirou da prateleira os discos de Paulinho da Viola quando os primeiros clientes voltaram para reclamar dos defeitos.
Segundo o gerente da unidade Rebouças, Gil Duarte, a Planet está esperando acumular uma quantidade significativa de devoluções para procurar a EMI.
A Lado A opera da mesma forma e está aguardando uma iniciativa da gravadora. "Interrompemos a venda dos CDs e só vamos comprar um novo lote quando eles garantirem a qualidade do produto", afirma o gerente João Dantas.
O jogo de empurra também acontece na Baratos Afins, Musical Box e outras lojas da cidade.
"Stamper"
Na opinião da EMI, quem deve detonar o processo de troca são as lojas. O principal argumento da gravadora é que seria impossível visitar pontos-de-venda em todo o país para recolher os CDs.
"Como não foram todos os lotes de CDs que saíram defeituosos, só podemos enviar os novos ao receber a nota fiscal da devolução", explica Ronaldo Flores, gerente de vendas da gravadora.
Segundo Flores, todos os representantes da EMI junto às lojas receberam comunicado que alertava sobre os problemas nos CDs. Mas, há um mês, a gravadora havia prometido fazer o recolhimento de loja em loja.
O vilão da história é a matriz final de impressão dos CDs, conhecida por "stamper". No caso dos 11 relançamentos de Paulinho, o "stamper" foi feito em São Paulo pela Videolar. A EMI forneceu à fábrica a primeira matriz, vinda de Abbey Road, na Inglaterra.
Agora, os "stampers" foram refeitos e os lotes dos três CDs, reimpressos. Desta vez, a Videolar foi obrigada a arcar com os custos da nova produção.

Texto Anterior: Último livro de Levi vira filme na Itália
Próximo Texto: Músico acredita na solução
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.