São Paulo, segunda-feira, 3 de março de 1997
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Pombos & abelhas

HELCIO EMERICH

Punhados de arroz atirados sobre os noivos após a cerimônia na igreja e latas vazias amarradas no pára-choque traseiro do carro que parte para a lua de mel são duas antigas tradições dos casamentos nos Estados Unidos. Não posso garantir, mas pela vocação que têm os norte-americanos de transformar tudo em dinheiro, é possível imaginar que lá já existam empresas especializadas em fornecer os ingredientes para esses dois atos simbólicos, como saquinhos de arroz decorados com motivos nupciais, latas "personalizadas" com o brasão das famílias, essas coisas.
Há quatro anos, os irmãos Joe e Terry McNamara, da cidade de West Greenwich, no Estado de Rhode Island, resolveram abrir um negócio para dar um novo toque de originalidade e elegância às festas de casamento. Eles treinam pombos brancos para revoadas nas cerimônias realizadas ao ar livre ou quando os noivos saem da igreja. Pagando uma taxa extra, a noiva e o noivo podem ter direito à emoção de um "wedding dove" pousando em seus ombros.
Com o nome de Love Birds Inc., a empresa dos McNamara já tem contratos para soltar seus pombos em mais de cem casamentos em 97, ao preço de US$ 225 por revoada. E a idéia é estender o show alado a outros eventos como inaugurações de lojas, lançamentos de produtos, desfiles de modas etc. A Love Birds conta hoje com uma "frota" de 300 pombos amestrados e o índice de perda é pequeno (no ano passado apenas dois fujões não retornaram ao pombal).
Recentemente, os McNamara descobriram um outro filão para a expansão do seu negócio: vender aos interessados em se iniciar no "dove business", por US$ 1.600, um "pacote" contendo seis casais de pombos e instruções sobre criação, alimentação e treinamento das aves. Nunca faltarão novos nichos de mercado para quem tem imaginação.
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Alerta aos chamados "repórteres investigativos" que costumam obter depoimentos e revelações de terceiros ocultando câmeras e microfones. Dois jornalistas da rede norte-americana ABC se empregaram numa loja dos supermercados Food Lion, na cidade de Geensboro, Carolina do Norte. Filmaram à noite funcionários alterando prazos de validade em embalagens de queijos, frios e frangos. Segundo diretores da Food Lion, a denúncia teria causado à empresa um prejuízo de US$ 1 bilhão, já que as vendas de alimentos desabaram em todas as suas lojas depois da exibição da reportagem, em rede nacional, no programa "Prime Time" da ABC. A cadeia de supermercados moveu um processo contra a emissora. Não negou a fraude documentada pelos jornalistas, mas acusou a ABC de utilizar "métodos indevidos" e de "violar privacidade comercial". A briga na Justiça norte-americana durou cinco anos e a emissora foi condenada a pagar à Food Lion uma indenização de US$ 6 milhões. O produtor do programa e os dois repórteres abelhudos também foram penalizados (US$ 45 mil cada um).

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