São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
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CPI fecha lista de bancos que devem depor

FERNANDO GODINHO

FERNANDO GODINHO; ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Instituições deverão ser convocadas a explicar por que compraram títulos por preços maiores

A CPI dos Precatórios está finalizando a relação dos compradores finais dos títulos públicos emitidos por Estados e municípios para pagar dívidas originadas por sentenças judiciais (precatórios).
Já foram identificados nomes de bancos como Itaú, Multiplic, BRB, Banrisul, Noroeste, Porto Seguro, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Finabank, além dos fundos de pensão Telos (Embratel), Petros (Petrobrás) e Funcef (Caixa Econômica Federal).
Essas instituições deverão ser convocadas para depor, pois os títulos adquiridos por elas estão sendo investigados pela CPI -os papéis foram vendidos por Estados e municípios ao mercado com um grande desconto (ou deságio).
Após passar por diversas corretoras, esses papéis tiveram esse deságio reduzido, chegando aos compradores finais por um preço superior ao inicial.
A CPI quer saber por que as instituições não compraram os títulos quando eles foram vendidos inicialmente, pagando menos e garantindo uma maior rentabilidade para os aplicadores dos bancos e para os membros dos fundos.
Só no caso de Santa Catarina, as aquisições somam quase R$ 70 milhões em títulos.
O presidente da CPI, senador Bernardo Cabral (PFL-AM), defendeu ontem que os grandes bancos sejam convocados de uma só vez, para que possam "dar sua contribuição à CPI".
Caso a relação seja concluída hoje, a convocação dessas instituições será discutida na reunião técnica da CPI.
A CPI vai discutir hoje qual a orientação que será dada ao Banco Central sobre a decisão de suspender a negociação dos títulos que estão sendo investigados. Na semana passada, essa discussão provocou uma crise na CPI.
Alguns senadores entendem que as operações podem continuar sendo realizadas, se os participantes (bancos e corretoras) sejam os mesmos e que o tipo de operação não seja modificado (ou financiamento diário ou venda definitiva).
Cabral, Roberto Requião (PMDB-PR) e Esperidião Amin (PPB-SC) avaliam que a suspensão deve ser generalizada e irrestrita.
O Itaú afirmou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que irá colaborar no que for preciso para os trabalhos da CPI.
Ressaltou, porém, que até o fim da tarde de ontem não havia sido notificado sobre eventual convocação.
O Banco Multiplic, por sua vez, informou não ter conhecimento da convocação. Procurado ontem pela Folha, o BRB não quis se pronunciar sobre o assunto.

Colaborou Alex Ribeiro, da Sucursal de Brasília, e a Reportagem Local

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