São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Receita Federal cria grupo para punir sonegadores

Novas delegacias vão investigar instituições financeiras

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Precatórios fez a Receita Federal tomar ontem duas decisões. Uma delas foi a criação de um grupo especial de auditores fiscais, com a função de autuar os envolvidos em supostas irregularidades na negociação de títulos.
A outra iniciativa foi criar duas novas instituições -a Delegacia Especial das Instituições Financeiras e a Delegacia Especial de Assuntos Internacionais.
Ambas ficarão sediadas em São Paulo e serão subordinadas à Superintendência da Receita Federal local.
A iniciativa de criar a Delegacia Especial das Instituições Financeiras retira o poder exclusivo do Banco Central de fiscalizar essas organizações.
Auditores
A formação do grupo especial de auditores foi decidida depois que a Receita Federal concluiu as investigações dos envolvidos em supostos desvios de verbas públicas.
Foi comprovado que houve casos de sonegação fiscal, conforme a Folha apurou.
Há duas semanas, a CPI pediu à Receita Federal a quebra do sigilo fiscal de pelo menos 31 instituições suspeitas de participação nessas operações e também de seus respectivos controladores.
Hoje, o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, deverá entregar ao relator da CPI dos Precatórios, senador Roberto Requião (PMDB-PR), o dossiê com os resultados das investigações.
Paralelamente, a Receita Federal deverá encaminhar ao Ministério Público pedido de representação penal contra as pessoas e empresas acusadas de sonegação fiscal.
Banho-maria
A CPI dos Precatórios apressou a criação das delegacias especiais em São Paulo.
A idéia surgiu na época em que foram reveladas as irregularidades com os bancos Econômico e Nacional, em 1995. Entretanto, foi mantida em banho-maria por mais de um ano.
A criação dessas instituições deve vir registrada na edição de hoje do "Diário Oficial" da União, em portaria assinada pelo ministro Pedro Malan (Fazenda).
Maior controle
A Delegacia Especial de Assuntos Internacionais responde também à estratégia do fisco de impor maior controle sobre operações de comércio exterior tocadas por empresas. O objetivo é impedir a remessa indevida de divisas a outros países -os chamados preços de transferência.
Também está concentrada em coibir outros procedimentos de evasão de divisas para paraísos fiscais e também de lavagem de dinheiro do narcotráfico.

Texto Anterior: Dono da Boa Safra foi acusado de fraude em 1988
Próximo Texto: Uma farsa escandalosa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.