São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bienal está de olho em Van Gogh e Matisse

DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Julio Landmann, novo presidente, e toda a nova diretoria da Bienal esboçaram ontem os primeiros planos da 24ª edição do evento, prevista para o segundo semestre de 1998.
A nova diretoria foi apresentada anteontem, em entrevista coletiva na sede da Fundação Bienal. Além de Landmann, fazem parte Jens Olesen (vice-presidente), René Parrini (diretor), Gilberto Chateaubriand (diretor), Paulo Herkenhoff (curador-chefe) e Lúcio Gomes (curado da próxima bienal de arquitetura).
Paulo Herkenhoff afirmou não ser adepto de um tema específico para a Bienal, pois a tendência é sua diluição. "Em um evento desse porte, o tema pode chegar a ser o seu contrário, sua negação ou simplesmente ignorado", disse.
Herkenhoff disse ainda acreditar que o Brasil tenha criado um conceito estético, por meio da antropofagia, que dá conta do homem contemporâneo. "Mesmo a pós-modernidade se encaixa dentro do conceito de antropofagia", completou.
O curador-chefe aventou a possibilidade de trabalhar com um núcleo da cor, que poderia reunir obras de Matisse e Volpi. "É possível fazer uma sala sintética para criar esse diálogo", disse. Já Landmann, sonha também com Van Gogh.
Quanto ao cronograma que pretende seguir nos cerca de 20 meses que antecedem a 24ª Bienal, Herkenhoff disse que pretende visitar a bienal do Whitney Museum, em Nova York, para estabelecer o primeiro contato com os curadores e museus norte-americanos, e que também pretende viajar pela América Latina, para assim ratificar o interesse pelo continente.
A nova diretoria deve trabalhar com um orçamento semelhante ao da 23ª Bienal, que foi de US$ 12 milhões.
Entre as atividades que pretende desenvolver até a chegada abertura da próxima Bienal, a diretoria deve ainda viabilizar mostras com o MAM-SP (que abre hoje a mostra do fotógrafo Robert Mapplethorpe) e com o MAC.
O evento de maior empenho, porém, deve ser a 3ª edição da Bienal de Arquitetura. Seu novo curador, Lúcio Gomes, pretende que agora ela ganhe finalmente a sua periodicidade de a cada dois anos (a segunda aconteceu há quatro anos).
"Queremos que sua carga profissional, que por vezes é técnica demais, não seja preponderante a ponto de inibir a presença do cidadão", disse.
Edemar Cid Ferreira, que deixa a presidência, passa o cargo com um caixa positivo de US$ 1,6 milhões. O banqueiro justificou sua opção por Landmann. "Ele é um empresário de sucesso e terá condições de buscar no mercado os recursos necessários para viabilizar o evento", disse por telefone à Folha.

Texto Anterior: Mapplethorpe reúne erotismo e heroísmo
Próximo Texto: Mostra reúne filmes do Egito, Marrocos, Argélia e Palestina
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.