São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
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Filme mostra vida de 'salvador sexualizado'

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde a última semana, mais um produto cultural chegou ao mercado norte-americano com a intenção de "atualizar" a vida de Cristo e os dogmas da cristandade: "Touch", novo trabalho do cineasta Paul Schrader.
Baseado no romance do escritor e roteirista Elmore Leonard (o autor americano que teve recentemente seu "O Nome do Jogo" adaptado para o cinema), o filme mostra o retorno do filho de Deus à Terra.
Dessa vez ele se chama Juvenal (interpretado pelo ator Skeet Ulrich, de "Pânico", ainda em cartaz no Brasil) e cumpre também uma trajetória de milagres, da cura dos doentes com o toque das mãos e outros feitos.
A novidade está na atração de Juvenal pelas mulheres e sua preocupação apenas casual com pobres e desajustados.
Segundo a crítica da revista norte-americana "Time", Schrader faz com que nessa segunda vinda seu Salvador participe de toda a engrenagem de marketing religioso que funciona hoje nos Estados Unidos.
Assim, Juvenal entra em contato com fundamentalistas católicos e outros personagens que tentam fazer de sua aparição um grande negócio.
Interesse romântico
Ele deve então lidar com uma fauna dividida entre empresários preocupados em fazer com que viaje pelo mundo em franca concorrência com o papa, uma especialista em fofocas interessada em escrever sua biografia -que seria um sucesso certo de vendas- e, claro, repórteres e apresentadores de programas de entrevistas na TV.
Entre os nomes que participam da ficção estão Christopher Walken, Tom Arnold, Janeane Garofalo e o diretor Paul Mazurski.
Oscilando entre o drama, a tragédia e a comédia, o interesse romântico do filme reside em Bridget Fonda.
Contratada para seduzir Juvenal -sexualmente-, ela termina por, literalmente, se converter. Apaixonada, acredita que deve tentar salvá-lo das armadilhas do mundo. Sobrevive pela fé.
Calvinista
O diretor Paul Schrader, que vive distante das grandes produções hollywoodianas, até os 18 anos de idade jamais havia visto um filme.
Educado em uma família calvinista, seu desejo, antes de conhecer o cinema, era se tornar um pastor.
Entrou para a indústria cinematográfica, de início, como roteirista. Trabalhou para Roman Polanski e Martin Scorsese. Para esse último escreveu "Taxi Driver".
Entre os seus mais conhecidos filmes estão "Gigolô Americano" (1980), "Mishima - Uma Vida em Quatro Capítulos" (1985) e "Patty Hearst" (1988), uma biografia da herdeira norte-americana que se alia a um grupo de terroristas durante o final dos anos 60 e início dos 70.

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