São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
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Cacilda volta em filme, mostra e livro

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas gerações da família Becker homenageiam atriz, que também terá biografia lançada até dezembro

A atriz Cacilda Becker receberá três homenagens à sua altura no segundo semestre de 1997.
Seu filho, Cuca Becker, 47, produzirá o curta "Cacilda Sempre", que marcará a estréia de Guilherme Becker, 22, neto da atriz, na carreira de cineasta.
Uma mostra está sendo organizada com cerca de 200 fotos da atriz, figurinos originais, cartas, objetos pessoais e prêmios, preciosidades de museu que estão guardadas com a família.
A exposição será feita no Museu da Imagem e do Som e no Teatro Municipal, onde deve acontecer a avant-première do filme.
Um livro (ainda sem título definido) sobre a trajetória de Cacilda Becker no teatro brasileiro será lançado simultaneamente.
A autoria é de Luís André Prado, que prepara há dois anos a biografia definitiva de Cacilda Becker (leia nesta página detalhes sobre cada um dos projetos).
O mito
A atriz Cacilda Becker, morta em 69, é até hoje um mito inexplicável às gerações que não a conheceram.
Paulo Francis se irritava com o sotaque "paulista italianado" de Cacilda nas suas interpretações.
Escreveu Francis: "Mas essas irritações desapareciam. Cacilda conseguia obliterar todas as suas desvantagens criando um vácuo que preenchia às vezes com um gênio de que não tenho lembrança ou esperança de ver igualado no teatro brasileiro." (Folha, 14.jun.1989).
Caetano Veloso, que viu a atriz em "Quem tem medo de Virgínia Wolf?" (1965), disse: "Cacilda sempre se comportava de um modo que me deixava maravilhado. Eu até tinha achado a peça muito chata. Mas ela era fantástica".
Cacilda sabia de suas qualidades. O filho Cuca conta que certa vez perguntou à mãe quem ela considerava a melhor atriz do mundo. A resposta foi rápida: "Eu".
Em uma entrevista publicada dois anos antes de sua morte, ela disse: "Tenho uma ambição muito grande. Quero continuar representando até envelhecer". Ela morreu aos 48 anos, de aneurisma cerebral. Sentiu dores de cabeça no intervalo do espetáculo "Esperando Godot", que encenava ao lado do marido Walmor Chagas.

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