São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
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Cuba aceita asilar terroristas do MRTA

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo cubano aceitou dar asilo aos ativistas de esquerda que mantêm 72 reféns em Lima, no Peru. O presidente cubano, Fidel Castro, respondeu a um pedido neste sentido de seu colega peruano, Alberto Fujimori.
Fujimori fez uma viagem de surpresa ontem a Cuba para discutir a questão. A decisão não significa uma conclusão da crise, já que os guerrilheiros de esquerda do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA) dizem que não querem o asilo.
Os cerca de 20 terroristas invadiram a casa do embaixador do Japão em Lima, Morihisa Aoki, há 77 dias, durante uma festa.
Na noite de anteontem, Fujimori foi a Santo Domingo, capital da República Dominicana (que, assim como Cuba, também fica em uma ilha do Caribe), para discutir a crise dos reféns.
Ontem, às 10h41 (12h41 em Brasília) ele desembarcou em Havana. Fidel e Fujimori se encontraram no começo da tarde no Conselho de Estado, em Havana.
Após a reunião, Fujimori anunciou a decisão do governo cubano. No domingo, o presidente peruano se reunira por três horas e meia com Leonel Fernández, da República Dominicana.
Jornalistas que acompanham a visita disseram que só souberam da próxima etapa da viagem momentos antes de aterrissar em Havana. Cuba, Nicarágua e algum país do Leste Europeu vinham sendo apontados como aqueles que podem dar asilo aos guerrilheiros do MRTA.
O asilo seria uma das soluções admitidas por Fujimori para o fim da crise. A principal reivindicação dos esquerdistas é a libertação de 400 membros do grupo que estão presos. O presidente diz que não admite esta hipótese.
Simpatia
O MRTA demonstra simpatia pelo governo comunista de Fidel Castro, dizendo que suas ações se inspiraram no movimento que levou o grupo de Fidel ao poder, em janeiro de 1959. Mas não é conhecida nenhuma ligação mais importante entre Cuba e o MRTA.
Os guerrilheiros disseram que a visita de Fujimori ao Caribe é "uma viagem de passeio".
Um porta-voz do grupo disse por rádio, a partir da casa ocupada, que os guerrilheiros não estão dispostos a aceitar o asilo e que Fujimori quis apenas publicidade com a viagem.
Cuba tem uma tradição de mediar conflitos entre grupos de esquerda e governos latino-americanos -como fez, por exemplo, na Colômbia em 1995 (com a guerrilha Farc) e em 1980 (com o grupo M-19).

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