São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
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Badan reafirma laudo e vê falta de ética

DA FOLHA CAMPINAS

O médico legista Fortunato Badan Palhares, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), disse ontem que estranhou o fato de a Polícia Federal ter revelado que possui indícios fortes de que a morte de Paulo César Farias tenha sido "queima de arquivo".
Os indícios teriam como base a descoberta da "Conexão Itália", uma possível transferência de dinheiro do empresário morto para a máfia italiana.
Palhares coordenou em junho do ano passado a equipe que investigou a morte de PC e de sua namorada Suzana Marcolino. O médico ratificou ontem o laudo de homicídio seguido de suicídio. Em 23 de junho último, Suzana teria morto o namorado e se matado.
"Não tenho dúvida, absolutamente nenhuma, em relação àquilo que colocamos como elementos em nosso laudo", disse Badan.
Segundo o legista, deveria ter sido levado em conta que um membro da equipe da Unicamp é da PF.
Ele afirmou que esperava uma reunião com os peritos para apresentar os novos fatos. "Eu entendo que o bom senso e o bom comportamento ético deveriam fazer com que no momento em que encontraram novos indícios, ou fatos, eles solicitassem uma reunião com os peritos", afirmou.
Segundo o médico, isso deveria acontecer antes de a PF emitir outro parecer e de formar outra equipe para avaliação do caso como ocorreu e está sendo divulgado.
Badan afirmou que as novas provas da PF deverão ser submetidas a uma avaliação criteriosa dos peritos, principalmente sobre as informações de que o local do crime teria sido montado.
Ele considera muito difícil o local do crime ter sido alterado e nenhum perito ter observado essas mudanças na investigação.
"Nós não temos neste momento nenhuma informação a respeito daquilo que eles acham que foi montado. É preciso que eles demonstrem materialmente, e não só por suposição, aquilo que eles estão interpretando como sendo uma montagem", afirmou.

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