São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FBI alertou Casa Branca sobre doações

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, disse ontem que deveria ter sido informado do alerta dado pela polícia federal (FBI) a seus assessores de segurança nacional em junho de 1996 sobre a suspeita de um plano do governo da China para influenciar o resultado das eleições de novembro daquele ano.
Segundo Mike McCurry, porta-voz da Casa Branca, sede do governo dos EUA, agentes do FBI falaram com dois integrantes do Conselho de Segurança Nacional sobre suas investigações a respeito de financiamentos ilegais da China a candidatos ao Congresso, mas lhes pediram que não comentassem o assunto com superiores.
O jornal "The Washington Post" afirma que pelo menos seis candidatos ao Congresso, entre eles as duas senadoras pela Califórnia, Barbara Boxer e Dianne Feinstein, ambas do Partido Democrata, do governo, estavam entre os alvos do plano chinês.
Em fevereiro, o "Post" também levantara a possibilidade de a campanha pela reeleição de Clinton também ter recebido contribuições canalizadas por diplomatas chineses em Washington.
Boxer e Feinstein afirmaram que foram brifadas pelo FBI sobre os esforços do governo da China para aumentar sua influência sobre o Congresso. Elas dizem ter instituído práticas para "cuidadosamente" investigar a origem de todas as doações às suas campanhas.
A rede de TV ABC afirma que 30 candidatos ao Congresso podem ter recebido contribuições com origens no governo chinês.
Clinton disse, durante entrevista coletiva ontem, ao lado do presidente do Egito, Hosni Mubarak, que "esta é uma acusação muito grave, mas, até onde eu sei, é apenas uma suspeita. Se fosse verdade, seria muito sério". Ele voltou a prometer que o assunto será investigado até o fim por suas ordens.
A campanha para a reeleição de Clinton tem sido alvo de diversas acusações de ilegalidade, em especial no que se refere a contribuições feitas por integrantes da comunidade asiática nos EUA.
O Partido Democrata, do presidente, já devolveu US$ 3 milhões em doações que ele considerou impróprias. O presidente admite que houve falhas na checagem de informações sobre a origem de muitas doações.
A lei nos EUA proíbe que governos, empresas ou cidadãos estrangeiros doem dinheiro com objetivos políticos no país. Uma CPI vai começar apurar as denúncias a partir do início do mês que vem.
Clinton disse que, se tivesse sabido das alegações do FBI em junho passado, teria mandado que elas fossem investigadas de imediato.

Texto Anterior: Sequestrador acumula demissões
Próximo Texto: EUA buscam terceiro suspeito de bomba em Oklahoma City
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.