São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997
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Mortes por Aids caem pela 1ª vez em SP

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez na história da epidemia em São Paulo, o número de mortes pela Aids sofreu uma queda. Em 1996, foram 2.766 vítimas fatais da doença, contra 2.949 no ano anterior. Uma queda de 183 mortes, ou 6,2%. Entre 1991 e 1995, o número de mortes em São Paulo havia crescido 44,06%.
Os números foram levantados pelo Pró-Aim, um programa da Prefeitura de São Paulo que estuda causas da mortalidade.
"O recuo nos óbitos masculinos já vinha acontecendo desde 1995, mas este foi o primeiro ano em que registramos uma queda no total de vítimas fatais", disse Marcos Drumond, médico do Pró-Aim.
Quedas semelhantes vêm sendo detectadas em várias cidades.
O recuo no número de mortos espelha a curva das infecções ocorridas num período entre seis e dez anos atrás. Mas reflete, sobretudo, uma queda no número de doenças oportunistas e um aumento na sobrevida dos doentes.
Na Casa da Aids, um serviço ligado ao Hospital das Clínicas de São Paulo, a fila de doentes praticamente desapareceu, diz o infectologista Marcos Boulos. "No ano passado, tínhamos sempre 10 pacientes internados e outros 15 esperando vagas."
Em seu consultório particular, Boulos diz que não interna um único paciente desde maio do ano passado. O médico afirma que a redução nas internações significarão uma grande economia para o Estado. "Dois dias de internação custam mais caro que um mês de medicamento."
A terapia tríplice, conhecida como coquetel, vem sendo distribuída na rede pública desde dezembro. Centenas de doentes já estavam recebendo os remédios por conta de protocolos de pesquisa.
No Hospital Emílio Ribas, que recebe o maior número de doentes, os efeitos das novas drogas ainda não foram sentidos. "A procura ainda não diminuiu nem temos leitos sobrando", diz Ricardo Minkoves, superintendente da equipe médica. "Mas é certo que o coquetel vai trazer resultados."
A queda no número de mortes poderia ser duplamente comemorada se houvesse também um recuo no número de infecções. Mas não é isso que vem acontecendo.
"Pode-se falar em redução na velocidade da infecção, mas não em um recuo da epidemia", diz Naila Janilde Seabra Santos, diretora do centro de referência em Aids da Secretaria da Saúde.

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