São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997
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Galpão une Molière a Machado

DANIELA ROCHA
DA ENVIADA ESPECIAL

Começa hoje o 6º Festival de Teatro de Curitiba, com a apresentação de "Um Molière Imaginário", montagem do grupo mineiro Galpão.
"Um Molière Imaginário" tem como espinha dorsal o último texto de Molière, "Doente imaginário". Só que, desta vez, Molière, o autor, aparece em cena, durante os delírios do personagem principal, o hipocondríaco Argan.
Um dos "ganchos" utilizados para esse enredo foi o fato de que Moliére praticamente morreu em cena, durante a quarta apresentação de "Doente Imaginário".
"Como ele revisita sua obra, acabamos fazendo um paralelo com a história de 'Memórias Póstumas de Brás Cubas', de Machado de Assis", afirmou um dos roteiristas, Cacá Brandão.
Shakespeare
A idéia é contrapor a comédia de Molière, com os surtos do hipocondríaco, ao lirismo, introduzido, na montagem, pela personagem Rainha Mab, uma fada que instaura o reino dos sonhos no espetáculo, e que originalmente aparece em dois textos de Shakespeare.
"Como a peça tem uma estrutura horizontal e veloz, a personagem da rainha introduz a licença poética, e a peça passa do riso à reflexão", afirmou Eduardo Moreira, co-roteirista e diretor do Galpão.
O compasso musical vai determinar o ritmo. Praticamente todos os atores tocam instrumentos musicais em cena e cantam.
CD
Um dos projetos do grupo é lançar o CD do espetáculo, que, segundo Moreira, "beira o musical". Eles fizeram anteriormente, com produção independente, CDs dos espetáculos "Na Rua da Amargura" e "Romeu e Julieta".
As músicas vão do bolero à ópera, e a linguagem cênica mistura a montagem clássica ao circo.Os personagens são "climatizados" por temas musicais. "A vilã tem como tema o bolero. Exploramos também a variedade de timbres dos instrumentos para compor personagens", afirmou Ernani Maletta, responsável pela composição e por arranjos vocais.
O Galpão escolheu Molière por ser um clássico, "uma fonte", segundo Moreira, e por sua atualidade.
A idéia inicial dos roteiristas era fazer uma adaptação de trechos de vários textos de Molière. A pesquisa durou nove meses -de janeiro a setembro do ano passado- e resultou em 12 roteiros diferentes.
"Mas percebemos que a melhor história foi a última, centralizada em 'Doente Imaginário' ", disse Brandão.
(DR)

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