São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997
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Reencontro de Thomas e Coelho será mostrado apenas em Curitiba

DANIELA ROCHA
ENVIADA ESPECIAL A CURITIBA

"Os Reis do Iê-Iê-Iê" -espetáculo que marca o reencontro da principal atriz da Cia de Ópera Seca, Bete Coelho, com o diretor Gerald Thomas, após seis anos afastados- pode ser privilégio apenas do público do 6º Festival de Teatro de Curitiba.
O único espetáculo montado integralmente dias antes da sua estréia no festival é chamado por Gerald Thomas de "evento". "Não é para viajar. Esta é uma montagem feita com pouco dinheiro. Depois dela, retomo o projeto sobre Arthur Bispo do Rosário", disse Thomas. Neste e em outros projetos, como um filme para 98, Bete Coelho deve participar.
Na cena inicial de "Os Reis do Iê-Iê-Iê", Bete Coelho/Paul McCartney, Luis Damasceno/Ringo Starr e Gerald Thomas/John Lennon fazem um grande reencontro no centro do palco.
"Os Reis do Iê-Iê-Iê" terá apenas duas apresentações, nos dias 21 e 22, no Tuca de Curitiba.
Loucos
A história da peça gira em torno de um complô de agentes da CIA. Ela acontecerá em um hospício. "É um laboratório de pessoas influenciadas pelo discurso filosófico de fim de milênio, um tempo de liberdade total e de difícil criação. Quem abriu o caminho foram os Beatles", afirmou o diretor.
Na terça-feira aconteceu o terceiro dia de ensaio. Até então, havia menos de dez minutos de peça prontos. Tudo cronometrado.
A forma de trabalho foge do padrão do texto escrito, de uma história para contar. O trabalho é montado de acordo com as idéias. "Descobri que este é o grande prazer de estar em cena com Gerald: o desconhecido. Cada detalhe é importante, o corpo é importante, a presença no palco", afirmou Bete.
"Crio um espaço temporal, uma cápsula temporal. A cena vem com o tempo. É como em cinema, uma cena genial pode ser destruída em segundos que faltam ou sobram", afirmou Thomas.
Desta vez, a novidade é que o autor Dionisio Neto está escrevendo seu texto dentro do espetáculo, para o papel de Mark David Chapman, o assassino de Lennon.
"É a primeira vez que Thomas trabalha desta forma", disse Luiz Damasceno, principal ator da companhia.
Em "Nowhere Man", peça anterior de Thomas, Damasceno teve grande participação na criação do espetáculo ao lado de Thomas, mas o texto era do diretor.
"Dionisio é ator, mas também autor. Usaria sua capacidade pela metade se menosprezasse esse seu talento. O que mais me chamou atenção nele foi sua empolgação. Sinto falta de empolgação no teatro. Todo mundo monta Nelson Rodrigues e Molière. O que um francês de um século e meio atrás tem para me dizer, além de servir de entretenimento? Dionisio erra em algumas coisas, acerta em outras, mas ele tenta", afirmou.

A jornalista Daniela Rocha e o repórter fotográfico Otavio Dias de Oliveira viajam a convite do 6º Festival de Teatro de Curitiba

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