São Paulo, domingo, 16 de março de 1997
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Bigamia pacífica contenta mulher e maridos

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois homens e uma mulher. Ao mesmo tempo, alternadamente ou esporadicamente, as conquistas do trio são compartilhadas (inclusive na cama) numa boa.
A mulher do triângulo muitas vezes diz que acredita no "amor amigo", ou que precisa de experiências diferentes ou ainda que os parceiros se completam.
"Gosto de algumas coisas em um, de outras no outro. Juntando os dois, é perfeito", conta a administradora de empresas Viviane T., 24, que é casada há quatro anos e mantém um amante há dois.
Viviane diz que conheceu o amante "consentido" em um bar. Ela estava com o marido. "Passamos a transar a três", diz. "Nunca transei a dois com meu amante. Não chifraria meu marido."
Os encontros são sempre na casa de Viviane, em jantares que ela prepara. "Não fazemos escancaradamente, para todo mundo ver, porque não se trata de auto-afirmação de gente metida a moderna", ela explica.
"Metade dos meus amigos sabe, a outra metade acha que a gente é um casal normal", diz Viviane, que tem uma filha de 5 anos, de um marido anterior.
Na hora do sexo, os dois transam com Viviane, mas não entre si. "Eles sequer se encostam. Meu marido não admitiria, nem eu", explica (leia depoimento ao lado).
Chopinho despretensioso
A advogada Marina T., 36, pensa diferente de Viviane. "Quem está na cama é para se tocar", diz.
"Não consigo imaginar três pessoas juntas, na cama, sendo que duas se ignoram", diz Marina. "É muito forçado, não existe."
Marina tem saído com dois homens que conheceu com uma diferença de um mês, há cerca de um ano. Ela diz que, como não tem compromisso com nenhum deles, apresentou-os numa noite em que os dois ligaram querendo sair.
"Estávamos os três sem programa e acabamos saindo para tomar um chopinho despretensioso", lembra. "Nunca imaginei que as coisas tomariam aquele rumo."
Os dois "casos" de Marina se entrosaram bem e, já no segundo encontro dos três, ela, sentindo-se excluída, brincou. "Quero transar com os dois."
Eles toparam. "Nenhum dos dois é gay, nem houve penetração entre eles, mas carícia, sim, e até com bastante tesão."
Marina diz que não mantém um relacionamento regular com os dois, mas os vê mais do que se fosse um só. "Quando não são os dois juntos, saio com um e com o outro alternadamente, e sempre me divirto muito", afirma.
Divisão entre amigos
Os amantes de Marina se tornaram amigos por meio dela, mas acontece também o inverso.
É o caso do gerente de marketing Marcelo Pires, 28, e do empresário Gil Martins, 28, que são amigos de infância e por várias vezes compartilharam a mesma mulher.
Um exemplo recente é a secretária Andréa (o nome dela é fictício), que eles conheceram em um bar.
Ela estava com uma amiga, que ficou com Marcelo naquela noite, mas não manteve o relacionamento. Já Andréa, que ficou com Gil, continuou saindo com os dois.
Pouco tempo depois, ela trocou de parceiro. "Fiquei com Marcelo", diz ela, que 15 dias depois voltou a ficar com Gil.
"Acredito no 'amor amigo"', diz. Ela explica, contando que, quando ficou com Marcelo pela primeira vez, Gil estava junto e abraçou o amigo. "Eles querem a felicidade um do outro."
"O Marcelo é meu 'brother'(irmão)", diz Gil, que conta mais de quatro "amigas" em comum.

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