São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Pesquisador analisa obra de Mann

DA REPORTAGEM LOCAL

"É preciso adoecer para alcançar a saúde mais elevada."
Essa frase é a chave do pensamento do escritor alemão Thomas Mann (1875-1955) e o tema da dissertação de mestrado do pesquisador Richard Miskolci Escudeiro.
Em sua tese "Thomas Mann: o avesso da modernidade", apresentada à Faculdade de Ciências e Letras da Unesp (Universidade Estadual Paulista), o pesquisador procura traçar os fundamentos do processo de cura professado pelo escritor em seu célebre romance "A Montanha Mágica", de 1924.
Para isso, o pesquisador partiu de dados biográficos, da análise de ensaios escritos por Mann durante a criação do romance e de suas principais influências filosóficas: Schopenhauer e Nietzsche.
"Mann dizia que é preciso adoecer para alcançar a saúde mais elevada, ou seja, é preciso individuar-se, separar-se da coletividade para tornar-se são", explica.
Thomas Mann representou, em seu romance "A Montanha Mágica", toda a sociedade ocidental num sanatório para tuberculosos.
"O diagnóstico é claro, a sociedade está doente e, por meio da história do protagonista, um jovem burguês que se descobre com a doença dos artistas, o autor alemão propõe uma possibilidade de cura", escreve o pesquisador.
Segundo ele, com esse romance, Mann materializou o sonho dos românticos: o romance como forma em que cabem todas as formas, o gênero literário sem modelos, livre e aberto à experimentação.
Ele afirma que "A Montanha Mágica" compõe um retrato de nossa sociedade. Por meio do protagonista Hans Castorp, um rapaz singelo, Mann afirma que é preciso perder-se com relação à sociedade doentia para se encontrar.
Para ele, o romance é "o resultado de uma mente lúcida que refletiu sobre o sonho como única maneira de despertar".

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