São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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O SILÊNCIO DE MALUF

É evidente a dimensão política nas investigações do Senado sobre a emissão de títulos para pagamento de precatórios por governos estaduais e municipais. No caso da Prefeitura de São Paulo, o envolvimento de vários assessores do atual prefeito e ex-secretário de Finanças, Celso Pitta, cria um constrangimento.
A questão é como lidar com esse desconforto que, afinal, surge antes mesmo que as investigações sejam conclusivas. De um lado, há o risco inegável dos linchamentos morais precoces e das acusações oportunistas da oposição ao atual prefeito.
Mas há também um risco igualmente ponderável de que a atitude de "dar tempo ao tempo" acabe tendo um custo político maior.
Para o eleitor, que faz pouco mais de quatro meses premiava o ex-prefeito Maluf com o voto no seu secretário de Finanças, o debate sobre a melhor estratégia política, nesse momento, nada tem de trivial.
Da exposição máxima, Maluf lançou-se numa reclusão total. Esse silêncio, num momento ainda tão próximo ao final da sua gestão, pesa ainda mais frente à trajetória recente do "malufismo" no PPB.
Férias são um direito de todos, mas a questão é política. Sobretudo depois que a emenda da reeleição, aberta e duramente combatida pelo ex-prefeito, foi aprovada com os votos de metade da bancada do PPB.
O risco maior, portanto, é o isolamento de Maluf deixar de ser uma opção positiva para converter-se numa situação involuntária. Para Arnaldo Faria de Sá (PPB-SP), por exemplo, "é lógico que aumenta o desgaste político para nós". É também notável o silêncio das bancadas pepebistas na Câmara e no Senado.
A assessoria do ex-prefeito informa que Maluf retorna apenas no final do mês, apesar de pedidos para que antecipasse sua volta.
Maluf, cuja trajetória até poucos meses parecia superar uma tradição de obstáculos recorrentes, vê-se de novo frente a um grande desafio. Será o silêncio a melhor resposta?

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