São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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FHC e a Previdência

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Causou espanto a declaração de FHC, na semana passada, de que não apoiaria o limite mínimo de idade para que as pessoas pudessem se aposentar.
"Não há proposta nenhuma para que o trabalhador se aposente aos 65 anos. Isso não existe e não tem o meu apoio, é má informação, é desinformação", disse o presidente em São Bernardo, na sexta-feira.
A primeira impressão era que o presidente havia errado ou mudado de opinião. O projeto original do governo para reformar a Previdência previa o limite mínimo de idade para a obtenção de aposentadoria.
O fato é que FHC mudou de opinião. A partir de agora, a reforma que tramita no Senado tem uma escala de prioridades. A saber:
1) funcionários públicos - são o alvo principal. Terão uma idade mínima para aposentadoria. A idéia é que mulheres com menos de 55 anos e homens com menos de 60 anos não possam se aposentar, não importando quanto tempo já tenham contribuído;
2) iniciativa privada - existe a intenção de instituir uma idade mínima. Mas, dentro do Palácio do Planalto, a percepção é que seria muito difícil fazer isso já, sem regras de transição. Não haveria apoio político.
Por isso, é bem provável que as mudanças mais profundas para a iniciativa privada nem ocorram. Ficariam para o eventual segundo mandato de FHC. Para já, no máximo, viria alguma regra de transição bem suave.
O governo concluiu o óbvio. Sabe que o sistema previdenciário é uma bomba-relógio. Mas que o pavio começa a queimar pelo funcionalismo. Portanto, é aí que as reformas serão mais duras.
Foram gastos R$ 59,7 bilhões em 96 para pagar aposentadoria e pensões para 17,5 milhões de brasileiros. Desse total, R$ 17,1 bilhões foram torrados com 873 mil inativos do setor público.
Fica claro que a distorção está no funcionalismo. É ali que a Previdência manca. FHC percebeu isso e parece que, desta vez, vai poupar os trabalhadores da iniciativa privada.

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