São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997 |
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Banqueiro diz que houve "montagem"
MILTON GAMEZ
"Estamos convencidos que houve vício na origem. Na época, sentimos que tinha gente que levava melhor que nós, mas compramos a preço de mercado e lamentamos não ter obtido taxas melhores. Somos gente de mercado, não somos polícia. É caso de polícia para quem quer investigar e ver o que tem de erro na origem", afirmou Silva. O mesmo ocorreu, segundo ele, na venda dos papéis do Estado de Pernambuco no mercado secundário (vendas posteriores à primeira colocação). Nos dois casos, o Bradesco afirma ter ficado de fora do esquema supostamente fraudulento. "Ficamos de fora dessa roda, só compramos a preços de mercado", disse Silva. No caso de São Paulo, o Bradesco "estranhou" a disparidade de taxas nos leilões -havia diferenças de até 76% entre os deságios mínimo e máximo aceitos pela prefeitura nas vendas de papéis em 93. "Ficamos de cabelo em pé na época e agora, com os desdobramentos da CPI dos Precatórios", afirmou Silva. Mesmo desconfiado, o Bradesco continuou participando dos leilões primários até 94, quando deixou de enviar propostas à prefeitura, segundo Silva. De lá para cá, o banco adquiriu papéis no mercado secundário, conforme a necessidade de aplicação de suas carteiras próprias e de terceiros. "Temos R$ 20 bilhões para aplicar em títulos. É normal comprar esse tipo de papéis", argumentou o executivo. O banco agiu em nome de clientes que precisavam dos papéis da prefeitura, segundo Silva, para participar de licitações (dar como garantia nas concorrências). Os leilões desses títulos, segundo relatório do Banco Central entregue à CPI, teriam causado prejuízos da ordem de R$ 10 milhões ao município entre os anos 93 a 96. No relatório, o BC deu conta de que "parece claro que houve motivação dolosa' em operações feitas pela prefeitura. Texto Anterior: Como funcionavam os leilões de títulos da Prefeitura de São Paulo Próximo Texto: Depoimento de dono do Vetor faz crescer dúvida sobre bancos Índice |
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