São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pitta diz que carta não estabelece vínculo

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Celso Pitta, disse ontem que a carta ao Banco Vetor divulgada pela CPI dos Precatórios não tem nada de excepcional. Ele acusou a CPI de "sensacionalismo".
Segundo Pitta, trata-se de um procedimento padrão adotado em todas as negociações de títulos da prefeitura. Como exemplos, citou os bancos Real e Bradesco.
Pitta, que na época da carta (27.set.95) ao Vetor era secretário das Finanças, afirmou que a operação deu lucro. O contato com o Vetor foi intermediado pelo Banco do Brasil, disse Pitta.
O prefeito afirmou, ainda, que nos últimos dias providenciou o depósito judicial de um cheque de R$ 2.600 para ressarcir o Vetor, que alugou um carro usado pela mulher de Pitta, Nicéa.
Leia as declarações de Pitta:
*
Pergunta - Com relação a essa carta que teria sido enviada ao Banco do Brasil, o que é isso?
Celso Pitta - Esse é um ofício padrão de autorização de operação de títulos municipais. Essa operação, em particular, revestiu-se de lucratividade expressiva para a prefeitura. Esses títulos foram colocados com uma taxa de 0,41%, quando o próprio Banco do Brasil estava cobrando da prefeitura entre 0,50% e 0,55%. Essa operação permanece rentável, porque, hoje, o Banco do Brasil cobra da prefeitura 0,50%. Essa operação, na origem de 0,41%, foi uma decisão correta e lucrativa.
Pergunta - Com quais outros bancos o sr. fazia essas operações?
Pitta - Os bancos é que decidiram operar com títulos da prefeitura. Volto a lembrar que a decisão de negociação é do mercado financeiro, não da prefeitura. Uma instituição decide ter determinados títulos em carteira por decisão própria. Elegeu (os) da prefeitura, e essa operação se deu através do próprio Banco do Brasil, que é o custodiante daquela carteira.
Pergunta - Esse tipo de carta o sr. fez para outros bancos também?
Pitta - Inúmeras. Todas as operações com títulos municipais têm que ter autorização do secretário.
Pergunta - A CPI usa essa carta para fechar um vínculo entre o sr. e o Banco Vetor, que o sr. nega.
Pitta - Então, teremos que estabelecer vínculos com o Bradesco, Real, com todas as instituições que a prefeitura tem os seus títulos. São operações padrão de mercado.
Pergunta - O sr. não acha errado um ocupante de cargo público aceitar o favor de uma empresa? (caso do carro alugado pelo Vetor usado por Nicéia Pitta)
Pitta - Seria errado a tentativa de não pagar, me prevalecendo de algum cargo. Não houve intenção de não pagar, fomos informados de que era uma cortesia. Na data em que essa operação foi tornada pública, providenciei um depósito em caráter judicial junto ao Banco Vetor ressarcindo o banco dessa despesa, já que eu não concordo, absolutamente, que isso tenha acontecido conosco.

Texto Anterior: Para PFL, situação de prefeito parece grave
Próximo Texto: Vetor não vê privilégio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.