São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CPI ouvirá de novo dono da Boa Safra

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Fausto Solano Pereira, dono da corretora Boa Safra, será chamado novamente a depor na CPI dos Precatórios, por não ter apresentado os documentos exigidos pela comissão.
A CPI decidiu não pedir a prisão de Pereira por falso testemunho, como chegou a cogitar. Em reunião fechada, ontem pela manhã, os senadores concluíram que o empresário poderia acabar solto se recorresse à Justiça.
A avaliação foi a de que a CPI ficaria desmoralizada, caso algum juiz anulasse a ordem de prisão. A cautela também se deveu ao temor de que a comissão fosse acusada de cometer abusos contra depoentes.
"A prisão não nos ajudaria a obter a informação que queremos. O melhor caminho é ouvir o Fausto novamente", disse o senador Esperidião Amin (PPB-SC).
Segundo o senador catarinense, o depoimento não deve ocorrer antes de duas semanas -intervalo que será dedicado à análise de cheques e listas de ligações telefônicas dos envolvidos.
A CPI quer saber se é verdadeira a alegação de Pereira de que recebeu uma remessa de US$ 1,8 milhão de uma conta nas Ilhas Cayman, supostamente administrada por seu advogado nos EUA.
O empresário disse ter recebido a remessa ao tentar justificar o recebimento de um cheque de R$ 9,76 milhões da IBF Factoring, uma das empresas "laranjas" do esquema dos títulos públicos.
Pereira alegou ter recebido o cheque de uma pessoa identificada apenas como "Renê", que estaria repassando os recursos recebidos do exterior. A diferença paga a mais seria devolvida depois
A devolução -sempre de acordo com a versão de Solano- teria sido feita em 54 cheques para empresas e pessoas físicas, seguindo a orientação de "Renê".
A situação de Pereira se complicou com a descoberta de ligações telefônicas feitas por ele a gabinetes de autoridades catarinenses, como o secretário da Fazenda, Paulo Prisco Paraíso, e o governador Paulo Afonso Vieira.
O valor recebido pelo empresário é um pouco menor do que o lucro obtido pela IBF com a venda de títulos de Santa Catarina.

Texto Anterior: Quebrado sigilo de conta do Banestado
Próximo Texto: Comissão vai fazer acareação em SC
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.