São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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Sob fogo cerrado

NELSON DE SÁ
EM CURITIBA

Celso Pitta surgiu com a voz tênue, derrotada, ontem no SBT. Justificou-se, argumentou, mas estava longe da frieza inabalável da campanha.
A cada dia, quase a cada hora, "on line", surge um questionamento novo, uma ligação entre ele e o escândalo dos precatórios, vazada pela CPI e à qual ele tenta então, desprotegido, responder.
Nem bem respondia ao aluguel do carro para a mulher, e os telejornais já apareciam com o anúncio -pelo antigo aliado TCM, de avais tão valiosos durante a campanha- de que ele desviou recursos dos precatórios para outros pagamentos.
Nem bem se recobrava do TCM, e o Jornal Nacional trazia documentos que indicariam que as suas passagens para a viagem a Londres, depois da campanha, teriam sido pagas pelo Banco Vetor.
Não foram, informou-se ontem, mas ele nem chegou a ter tempo para responder e ouviu, ontem na mesma Globo, que uma carta assinada por ele solicitava a venda de títulos paulistanos com deságio ao mesmo Vetor.
Disse desconhecer a carta, depois disse ser um documento protocolar, mas já então um jurista declarava à CBN que aquele mesmo e quase esquecido aluguel de carro, ainda que seja uma cortesia do banco Vetor, como ele argumenta, configurava crime bastante para levá-lo à perda do cargo e dos direitos políticos.
Em meio ao tiroteio, ele surge com a voz enfraquecida e diz à CBN, por exemplo, que conversou com Maluf, sim, mas sobre amenidades, nada de CPI. Ou que foi ofendido por Roberto Requião. Está acuado e começa a perder o pé da realidade.
Não é à toa que o PPB, seu partido, como também noticiado ontem, quer a convocação imediata de Celso Pitta para um depoimento na CPI. Antes que seja tarde.

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