São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997 |
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CPI prepara operação caça-doleiro
FERNANDO RODRIGUES
Os últimos detalhes da operação foram acertados ontem à tarde entre os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), relator da CPI, Vilson Kleinubing (PFL-SC) e Esperidião Amin (PPB-SC). "Vamos inviabilizar as operações de dólar no mercado paralelo. A vida dos doleiros vai virar um inferno", disse Requião. A intenção dos senadores é forçar o aparecimento de dados mais conclusivos sobre como desapareceu do país o dinheiro resultante das operações com títulos públicos investigadas pela CPI. Há convicção entre os senadores de que o elo perdido da operação com os títulos só poderá ser encontrada com os doleiros. Requião solicitou à Polícia Federal que ouça cerca de 250 pessoas que aparecem em cheques emitidos por empresas de fachada envolvidas no caso dos precatórios. Para a CPI, doleiros intermediaram o recebimento dos cheques. O senador também já deu ordens para que os primeiros telefones de doleiros comecem a ser grampeados. A CPI, segundo Requião, não precisaria pedir autorização a um juiz para grampear telefones. "Nós somos juízes dos nossos atos e temos plenos poderes para pedir esse tipo de ação", disse o relator. Requião não revela que telefones serão grampeados. Mas adianta que fará operações aleatórias, "com o intuito de espalhar o terror dentro desse mercado". Um dos alvos da CPI é a corretora Split, de Enrico Piccioto. A CPI acha que ele teria envolvimento em negócios de dólar no mercado paralelo, embora o empresário tenha negado isso ao depor. Entre os doleiros que terão seus telefones grampeados, a CPI rastreia nomes de pessoas que já foram sócias de Piccioto no passado. Nesta semana, a Folha recebeu informações de uma pessoa detentora de vários documentos. Isso deve ajudar a provar que doleiros participaram da lavagem de dinheiro resultante da venda fraudulenta de títulos. Os documentos foram levados à CPI para análise. Há dois dias, uma pessoa envolvida com Piccioto no passado, Sérgio Chiamarelli Júnior, prestou depoimento à PF e caiu em contradição. Chiamarelli foi gerente de open da Split. A CPI não revelou a contradição em seu depoimento para não prejudicar a investigação. Texto Anterior: Senado repete vícios ao votar nova emissão Próximo Texto: Pesquisa revela desinteresse por CPI Índice |
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