São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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Inquérito vai apurar denúncia contra funcionários do Incra

Servidores estariam cobrando propina de fazendeiros

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) disse ontem que vai abrir um inquérito administrativo para apurar a denúncia de que funcionários do Incra estariam cobrando propina de fazendeiros para agilizar a liberação dos recursos para o pagamento de desapropriações de terra.
A denúncia foi feita ontem pelo deputado Paulo Lima (PFL-SP) no depoimento do ministro na Comissão de Agricultura da Câmara.
Lima afirmou que o corretor Edgar Bento, o presidente do Incra, Jonas Villas Boas, e a superintendente do Instituto da Terra de São Paulo, Tânia Andrade, estariam visitando juntos fazendas com risco de serem desapropriadas.
Segundo o deputado, depois de os representantes do governo acertarem o preço da desapropriação, Bento entraria em cena para combinar o valor da propina.
"Isso é uma tentativa da UDR (União Democrática Ruralista) de desmoralizar o Incra, que está fazendo um trabalho eficiente no Pontal do Paranapanema", disse Villas Boas, que também estava presente na comissão.
Jungmann afirmou que dentro de 30 dias deve divulgar o resultado do inquérito. "Até que alguma coisa seja provada, os funcionários vão continuar merecendo a maior confiança por parte do governo."
O fazendeiro Osvaldo Fernando Paes -dono da fazenda São Domingos, onde seis pessoas foram baleadas no início do mês- disse que o corretor lhe propôs um percentual de 5% a 6%. "Ele (Bento) me disse para eu dar qualquer coisa para ele no final da negociação. E sugeriu esse percentual", disse.
A assessoria de imprensa do Itesp informou que o órgão não comentaria a denúncia. A Folha não localizou o corretor.
Jungmann defendeu que os Estados passem a ser os responsáveis pelas decisões de desapropriações.
"Por que os Estados não podem também emitir títulos da dívida pública? Por que centralizar tudo na mão do presidente, que está a quilômetros de distância?"

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