São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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Carro a álcool pode poluir mais, diz Cetesb

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

A proposta do governador Mário Covas de excluir do rodízio antipoluição na região metropolitana de São Paulo os carros a álcool ignora que os modelos antigos movidos com este combustível poluem mais que veículos novos a gasolina.
Segundo relatório da Cetesb (agência ambiental paulista) de 1996, um carro a álcool zero km produzido entre 1980 e 1983 gerava 18 gramas de CO (monóxido de carbono) por quilômetro rodado.
Já um carro a gasolina produzido em 1994 gerava apenas um terço de partículas de CO -6 g/km (veja quadro nesta página).
Técnicos da Cetesb querem agendar uma reunião com Covas para mostrar esses dados, que comprovam a ineficiência da medida pretendida pelo governador.
Pela proposta de Covas, toda a frota de carros a álcool -cerca de 1,5 milhão de veículos na Grande São Paulo (um terço do total)- ficaria desobrigada de cumprir a restrição de circulação durante o rodízio, que deve vigorar entre maio e setembro deste ano.
Assim, um motorista que tem um carro a álcool fabricado em 1980 poderia circular; já seu vizinho, com um carro 1997 a gasolina, que gera menos poluição, não.
E há ainda um agravante: a maioria (cerca de 70%) dos carros a álcool em circulação foi fabricada antes de 1988, data em que começaram a valer efetivamente os limites do Proconve (Programa de Controle de Poluição de Veículos Automotores).
Logo, são carros que, independente de estar regulados, produzem mais poluentes.
A idéia do governador, anunciada anteontem durante encontro promovido pela Frente Parlamentar Sucroalcooleira, em Brasília, partiu de sugestão do ex-prefeito de Piracicaba (SP) Antonio Carlos Mendes Thame.
Covas disse que seria uma boa forma de estimular o uso de veículos menos poluentes, mas que ainda iria estudar medidas legais para a implantação da idéia.
Procurada pela Folha na tarde de ontem, a assessoria do governador informou que ele não se manifestaria sobre o assunto.
No ano passado, o rodízio de veículos foi feito só no mês de agosto e incluiu todos os carros particulares, sem levar em conta o combustível utilizado.
As três propostas já apresentadas à Assembléia e o projeto do Executivo, que será encaminhado nos próximos dias, não prevêem a exclusão dos veículos a álcool.
O secretário do Meio Ambiente, Fábio Feldmann, que apóia a idéia de estimular o uso do carro a álcool como parte de uma política de incentivo a combustíveis menos poluentes, não garantiu que a proposta de Covas será colocada em prática no rodízio deste ano.

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