São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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Logos diz ter acabado com irregularidades no lixo

DA REPORTAGEM LOCAL

A direção da Logos, empresa que gerencia e fiscaliza o sistema de coleta de lixo em São Paulo, informou ontem ter sido a responsável pelas descobertas de irregularidades nos procedimentos da coleta.
Para a empresa, a implantação do sistema possibilitou à prefeitura economizar cerca de R$ 1,3 milhão por mês somente com o controle definitivo da coleta de resíduos industriais.
Em entrevista exclusiva à Folha, o presidente e o vice da Logos, José Junqueira e Ladi Biezus, afirmam que o sistema implantado pela empresa -contrato que custou R$ 30,7 milhões à prefeitura- "já foi pago várias vezes".
"A Logos era a única empresa que tinha um projeto pronto para a gestão do lixo em São Paulo", declarou Biezus.
Sobre o fato de a empresa ter sido contratada sem ter se submetido a concorrência pública com outras empresas, Junqueira afirmou: "A prefeitura nem sequer sabia formular qual era seu problema em relação à coleta de lixo. Nós descobrimos qual era o problema -a gestão".
"Luz sobre irregularidades"
Para o diretor da Logos responsável pelo contrato com a prefeitura, Antonio Rocha, "algumas pessoas querem culpar a empresa por ter lançado luz sobre as irregularidades na coleta".
O advogado da Logos, Rubens Naves, justificou a ausência de concorrência. Segundo ele, mesmo assim a contratação da empresa foi baseada na lei federal de licitações (nº 8.666/93).
"Para que algo seja licitado é necessário que o contratante saiba exatamente qual o serviço que ele quer ver realizado". Segundo Naves, a prefeitura não tinha idéia disso. "A Logos sabia, ofereceu um projeto e ele se mostrou absolutamente eficaz", disse Naves, 55.
Segundo o vice-presidente da empresa, o engenheiro Ladi Biezus, existem dois tipos de empresas: a reativa e a pró-ativa.
A primeira, afirma, é aquela empresa que apenas cria projetos de acordo com os problemas que surgem no cotidiano. A segunda, ao contrário, antecipa-se a problemas gerenciais e trata de criar projetos que possam solucioná-los -antes mesmo de surgirem.
Para ele, a Logos se enquadra no segundo tipo.
"Nós estudamos a questão do lixo em São Paulo durante cerca de um ano e meio. Por causa disso, conseguimos criar um sistema que resolvesse de vez o problema. Qual era esse problema? Como controlar a coleta."
O lixo em São Paulo movimenta cerca de R$ 400 milhões por ano.
Disso, segundo o diretor Antonio Rocha, R$ 325 milhões já estão sob o controle da Logos. Os R$ 75 milhões restantes se referem à varrição e coleta de entulho.
Dois contratos
Com quase 25 anos de existência, a Logos tem 550 funcionários e, desses, 120 são engenheiros. A empresa tem faturamento anual entre R$ 25 milhões e R$ 35 milhões.
Além do contrato do gerenciamento da coleta de lixo, a empresa também gerencia o módulo 5 do PAS (Plano de Atendimento à Saúde), por intermédio da sua subempresa Logos-Saúde.
Essa mesma empresa é responsável pela administração, por exemplo, do Hospital de Carajás, no Amazonas.
O contrato da Logos sobre o lixo vai terminar no final de julho e o próximo deverá ser feito mediante licitação.
O presidente, Junqueira, disse não saber se a Logos disputará essa concorrência -que vai escolher uma empresa apenas para operar o sistema já implantado.
"Não podemos antecipar o edital. Ainda não sabemos se será interessante participar", declarou.

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