São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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A primeira peça do precatório

LUÍS NASSIF
DE ACORDO COM O MAPA (PUBLICADO NOS JORNAIS DE ONTEM):

* os títulos saem do Fundo de Liquidez do Estado para o Banco Vetor;
* o Vetor vendeu para a Valor e ganhou R$ 8,2 milhões;
* a Valor vendeu para a Olímpia e apurou R$ 865,00;
* a Olímpia vendeu para o IBF Factoring e ganhou R$ 1.374,00;
* o IBF vendeu para a Split e ganhou R$ 40,8 milhões;
* a Split repassou para a Astra e levou R$ 3.553,00;
* a Astra para a Paper, lucrando R$ 42.910,00;
* a Paper para o Bradesco, ganhando R$ 414.501,00.
Pelo relatório, portanto, o grosso do dinheiro ficou com o IBF. Mas não ficou.
Segunda peça: o depoimento da secretária e do boy da Split (jornais da semana passada).
No depoimento, ambos informaram que o IBF mandava cheques assinados em branco, que eram preenchidos no próprio escritório da Split -caso típico de operação casada. O IBF recebia o dinheiro, mas automaticamente repassava para a Split.
O lucro apurado pela Split na venda dos títulos de Pernambuco desmonta a tese do Banco Vetor, de que apenas contratou os técnicos da Prefeitura de São Paulo para cuidar do processo. A análise do mapa mostra que todo o esquema foi transportado para a nova operação.
Terceira peça: o esquema Pau Brasil, que arrecadava contribuições para a campanha política de Paulo Maluf.
Segundo informações publicadas ontem pela Folha, a Split era o doleiro do esquema Pau Brasil.
Quarta peça: a questão dos radares de trânsito para a Prefeitura de São Paulo.
A licitação foi vencida pela Engebrás, firma que pertence aos mesmos controladores da Split. Há denúncias variadas sobre a manipulação da licitação, inclusive em embargo solicitado por um dos concorrentes.
Nos últimos dias, o "Jornal da Tarde" tem divulgado reportagens acerca de um esquema da Engebrás que atuava em várias prefeituras de todo o país. Como esse projeto necessitava de investimentos pesados, pode ser que para lá tenham sido carreados os recursos arrecadados nas operações com os títulos estaduais.
Quinta peça (a investigar): as gentilezas da Prefeitura de São Paulo com prefeituras vizinhas.
As novas evidências conferem relevância à informação dada por Fábio Nahoum à coluna de que, antes de Pernambuco, os técnicos da prefeitura paulista tinham prestado assessoria de graça para uma série de prefeituras vizinhas, cumprindo ordens do prefeito Paulo Maluf -que visaria, unicamente, fazer uma gentileza para conquistar as boas graças políticas dos prefeitos. Cabe à CPI parar de investigar pagamento de viagens turísticas, e centrar fogo na análise objetiva dos fatos aqui narrados
.
Email: lnassif@uol.com.br

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