São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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Ben Harper adere à guitarra

CLÁUDIA TREVISAN
DE NOVA YORK

O músico californiano Ben Harper, 27, tem quase pronto seu terceiro disco, "The Will to Live", que será lançado em maio. É a primeira vez que Harper, que nunca frequentou uma escola de música e aprendeu o que sabe com a família (seu pai era baterista e sua mãe, violonista), grava com guitarra elétrica.
Em seus álbuns costumam predominar os sons acústicos. Seu instrumento é o violão, e ele o usa em duas versões: o tradicional e o Weissenborn, tocado no colo, como um cítara.
O tom de protesto político está presente em grande parte de suas músicas e é revelado em títulos como "Oppression". Leia a seguir trechos da entrevista que Harper concedeu à Folha em Nova York.
*
Folha - Bob Marley é uma grande influência em seu trabalho?
Harper - Oh! Ele é uma grande influência no trabalho de todo mundo. Ele é tudo. É um daqueles caras que lutam por alguma coisa. Você pensa em Bob Marley e pensa em alguém que lutou por alguma coisa. E ele lutou por coisas em que eu acredito, que eu sinto.
Folha - Que outros artistas influenciam seu trabalho?
Harper - Eu sou motivado não só pelas pessoas que fazem música, mas também pelas que não fazem. Entre os músicos, Bob Marley, Jimi Hendrix, Robert Johnson, Blind Willie Johnson.
Folha - Em que estágio está seu novo álbum?
Harper - Ele está quase pronto e será lançado em maio.
Folha - Como é o disco em relação a "Fight for Your Mind"?
Harper - Não é como o dia e a noite. É um crescimento. Mas é um álbum diferente, com músicas diferentes, claro que será diferente.
Folha - As letras de suas músicas dão a impressão de que você tem preocupações políticas, não?
Harper - Uma pergunta como essa é tão ampla... Como eu me sinto em relação à política? Política e música, como elas se encontram? Eu acredito no poder da música e na bondade da humanidade.
Acredito que a música fortalece as pessoas. Não quero discutir política, porque não tenho uma agenda política. Não tenho nada político para dizer a você. Tenho uma canção para cantar.
Folha - Eu me refiro a músicas que defendem liberdade individual, de escolha...
Harper - Música é uma coisa mais profunda que a política. Música é um movimento diferente. Ainda que alguém cante uma música de liberdade, não tem nada a ver com política.
Folha - Como você descobriu o violão Weissenborn?
Harper - Provavelmente da mesma maneira que Beethoven descobriu o piano. Você ama um som e vai atrás dele, como uma expressão do que tenta dizer.
Folha - Você prefere o Weissenborn ou o violão tradicional?
Harper - Ambos, gosto de ambos. É bárbaro, você pode ir para o Weissenborn, e algumas idéias estão lá, mas você também pode ir para o violão tradicional e encontrar outras idéias. Ter essas duas opções me ajuda a fazer música.
Folha - Algumas de suas músicas falam de Deus e fé. Você é um homem religioso?
Harper - É difícil falar sobre suas próprias crenças. É algo tão pessoal, tão individual... É, eu tenho uma grande crença na fé, e isso é manifestado na música.

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