São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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Um pólo de energia e empregos no Nordeste

GARIBALDI FILHO

A perspectiva da falta de energia elétrica de origem hídrica começa a preocupar o mundo neste fim de milênio. De olho no futuro, grandes grupos empresariais já utilizam o gás natural como alternativa.
A energia obtida por meio do gás natural é eficaz, não poluente e custa menos que a convencional. Estudos técnicos comprovam que para o setor têxtil, por exemplo, o uso do gás reduz em cerca de 35% os gastos com energia.
Empresários dos grandes centros industriais do Brasil mostram interesse em trazer o gás de outros países, como a Bolívia. É preciso registrar, entretanto, que a natureza privilegiou também alguns trechos do território brasileiro.
É o caso do Rio Grande do Norte, onde, em pleno semi-árido nordestino, existem gás abundante e outras importantes riquezas naturais que servem como energia e matéria-prima para uma infinidade de indústrias, que, por sua vez, geram milhares de empregos.
São raros os pontos do planeta que reúnem o gás natural, o petróleo, o sal e o calcário, como ocorre no oeste do Estado do Rio Grande do Norte. Juntas, essas riquezas permitem a produção de barrilha, nome dado a um composto que é indispensável a mais de 2.000 produtos industriais, entre eles vidro, plástico e detergente.
O Rio Grande do Norte é o terceiro produtor nacional de gás (2,8 milhões de m3/dia) -apesar de essa produção ser ainda subaproveitada e pequena para o potencial existente. É o maior produtor brasileiro de petróleo em terra, o segundo no mar e responde por 90% da produção de sal do país. Grande parte das suas jazidas de calcário, já produtivas, está ainda para ser dimensionada.
Numa época de escassez de recursos -e de oportunidades de trabalho-, o governo do Rio Grande do Norte criou o PóloGás-Sal como forma de melhor aproveitar, de maneira racional e com o maior valor de agregação possível, esses recursos naturais.
O PóloGás-Sal é um projeto que, além de abrir um leque de oportunidades para indústrias do setor químico, livrando inclusive o país da importação de produtos essenciais, configura-se como uma oportunidade de redenção do semi-árido nordestino, região de natureza rica e população castigada pela miséria e pela falta de oportunidade.
Hoje, dia 21, quando o presidente Fernando Henrique visita o Rio Grande do Norte, será assinado um protocolo que transforma o PóloGás em uma idéia viável. Essa viabilidade se tornou concreta por meio de negociações do governo do Estado junto à Petrobrás, que garantiram a redução do preço cobrado pelo gás e o aumento da sua produção.
Com o gás a preço menor e em maior quantidade, e com a integração de todas as áreas de produção de gás natural desde o Ceará até a Bahia, torna-se possível a implantação de uma grande termoelétrica. E a Alcanorte, fábrica de barrilha, ganha condições de concluir sua unidade no Rio Grande do Norte, cuja construção foi iniciada há 25 anos.
Já estão assegurados, por enquanto, investimentos de US$ 540 milhões por meio do PóloGás-Sal. Investimentos que vão transformar o gás em energia e as riquezas do solo semi-árido em vagas na indústria para a população nordestina.

Garibaldi Alves Filho, 50, é governador do Rio Grande do Norte. Foi prefeito de Natal (RN) de 1986 a 88 e senador pelo PMDB do Rio Grande do Norte de 1991 a 94.

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