São Paulo, sábado, 22 de março de 1997
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Banqueiro confirma 'fórmula'

DA REPORTAGEM LOCAL

O banqueiro Fábio Nahoum, um dos donos do Banco Vetor, confirmou à Folha que não eram cálculos de correção monetária, mas sim a inclusão de precatórios emitidos depois de 1988 a técnica "criativa" desenvolvida pelo ex-coordenador da Dívida Pública de São Paulo Wagner Baptista Ramos para aumentar em até dez vezes o valor da emissão de títulos públicos em Estados e municípios.
"Quando contratamos o Wagner, perguntamos para ele: 'Como é que você, com 25 milhões de precatórios inscritos regularmente na Prefeitura de São Paulo, conseguiu emitir 604 milhões em títulos? Com cálculos de correção monetária? O Wagner disse não, que era muito mais que isso".
O ex-coordenador da dívida paulistana teria explicado que havia introduzido com sucesso, no município de São Paulo, a interpretação de que casos judiciais ajuizados antes de 5 de outubro de 1998 (data da promulgação da Constituição federal), mas que geraram precatórios depois deste período, comporiam base para a emissão de títulos.
"É por isso que os valores indicados para os títulos era muito maior que o que estava inscrito no tribunal", disse Nahoum.
Segundo o banqueiro, Ramos sustentava que a inclusão de precatórios posteriores a 1988 decorria de uma "interpretação" que havia sido aceita pelo BC (Banco Central) e pelo Senado Federal. "Ele dizia que era uma espécie de jurisprudência", afirmou.

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