São Paulo, sábado, 22 de março de 1997 |
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Combate à tuberculose não é priorizado
DANIELA FALCÃO
No ano passado, estima-se que 96 mil pessoas tenham contraído a doença. Em 95, tinham sido registrados 91,3 mil novos casos e, em 92, 85,9 mil. Os dados de 93 e 94 não foram fechados porque não havia informações disponíveis sobre o Rio de Janeiro. A avaliação sobre o grau de prioridade está em documento elaborado pelo Ministério da Saúde em outubro passado. O documento analisa as ações que vinham sendo feitas para combater a doença e propõe um plano emergencial para os próximos dois anos. A maioria absoluta dos casos de tuberculose no Brasil (93%) atinge jovens entre 15 e 40 anos, e 90% são pulmonares -única forma da tuberculose que é contagiosa. Ainda segundo o documento do Ministério da Saúde, o maior entrave ao combate à tuberculose hoje é o abandono de tratamento. Como os sintomas da doença geralmente desaparecem nos primeiros meses de tratamento, o paciente pára de tomar os remédios sem ter sido curado. Resultado: a doença volta mais forte, resistente à maioria dos antibióticos, e o custo do tratamento é triplicado, porque se torna necessário usar medicamentos caros, de última geração. Nas capitais brasileiras, cerca de 25% dos pacientes abandonam o tratamento antes de estarem curados. No interior, a taxa de abandono é ainda maior. Em 24 de março, Dia Mundial de Combate à Tuberculose, a OMS (Organização Mundial da Saúde) lança campanha para reduzir o índice de abandono de tratamento, que é apontado como uma das principais causas do recrudescimento da doença nos últimos cinco anos (leia texto nesta página). A cada ano, 3 milhões de pessoas morrem por causa da doença, e 8 milhões são infectadas. A tuberculose é a maior causa isolada de morte por infecção no mundo entre jovens e adultos. Cura Embora ainda seja altamente letal, a tuberculose tem cura. O tratamento custa US$ 100 por paciente durante seis meses (tempo mínimo para a cura) e inclui consultas médicas, exames laboratoriais e medicamentos. O tratamento é padronizado no Brasil e distribuído gratuitamente aos doentes pelos hospitais conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde). O problema é que não há acompanhamento eficaz dos pacientes que estão sob tratamento, fazendo com que o número de abandonos cresça. Texto Anterior: Belém é atingida por surto de dengue; Irmão acusa policial de ajudar em assalto; Policial é morto com 10 tiros por motoqueiros; Planos devem pagar ao SUS, diz ministro; PM do Rio faz cerco de 170 homens a ladrão; Mais 2 são indiciados por fraude de atestado; Covas autoriza editais para obras em estradas Próximo Texto: Brasil é o sexto país em casos Índice |
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