São Paulo, sábado, 22 de março de 1997
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Operário fica 1 mês preso por engano

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O comerciante e operário Ednaldo da Silva, 31, de São Bernardo (ABCD), passou 28 dias preso injustamente, em maio do ano passado, acusado de ter estuprado a menina S., de 10 anos.
S. foi reconhecida por policiais da Delegacia da Defesa da Mulher (DDM) de São Bernardo e do 85º DP de São Paulo, como uma vítima do empresário Marco Antonio Bernardes Azar, 40.
O delegado Carlos Eduardo de Vasconcelos, da DDM, entrou em contato com o colega Sidney Alvarenga assim que soube da prisão de Azar. Ele considerava o depoimento de S. insuficiente para incriminar Silva.
Azar foi preso semana passada por policiais do 85º DP, no Jardim Mirna, zona sul de São Paulo. Ele já foi reconhecido por 12 meninas como o autor dos estupros que elas sofreram.
Fotos de S. nua estavam em um dos três álbuns que Azar tinha em sua casa, com imagens tiradas de suas vítimas, nas quais as meninas aparecem nuas, seminuas ou praticando sexo com ele.
A mulher do operário, Maria de Fátima Lopes da Silva, 32, que é sócia do marido numa loja de CDs no bairro de Paulicéia, em São Bernardo, disse que passou a sofrer de taquicardia desde a prisão de Silva.
Indenização
O casal, que que tem um filho, de 11 anos, e uma filha, de 8, pensa em entrar com um pedido de indenização contra o Estado, mas não sabe como proceder.
Depois do que passou, Silva diz ainda acreditar na Justiça, "mas não como acreditava antes".
Apesar de já ser considerado inocente pelos policiais, Silva continua sendo processado. Ele foi denunciado (acusado) na 3ª Vara Criminal de São Bernardo.
Segundo Fátima, o marido não sofreu violência na cadeia. "Os outros presos logo perceberam que ele não era um estuprador."
Silva foi preso em 2 de maio. Dias antes, S. havia ido a sua loja com a sua irmã e se impressionado, segundo o operário soube pela polícia, com a sua voz e porte físico. Ele só foi solto 28 dias depois, quando venceu o mandado de prisão temporária.

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