São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 1997
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Roque vem ao Brasil discutir importação

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia argentino, Roque Fernández, viaja na próxima terça-feira à Brasília para evitar que as medidas brasileiras de contenção das importações afetem o comércio do Mercosul.
"Todos os contatos telefônicos com as autoridades brasileiras nos fazem pensar que se chegará a uma solução rápida", disse Fernández.
O anúncio da viagem foi feito ontem, pelo subsecretário Carlos Bercún. O ministro deve ir acompanhado por Jorge Campbell, secretário de Relações Econômicas da Chancelaria argentina.
Fernández se colocou à frente da ofensiva argentina por um tratamento diferencial para o país.
O ministro argentino fez anteontem várias ligações para o Ministério da Fazenda, em Brasília.
Ele soube, então, que o ministro Pedro Malan estava resfriado e conversou com o vice-ministro, Pedro Parente.
Depois, Fernández ligou diretamente para a casa de Malan. Ao mesmo temo, o chanceler argentino, Guido Di Tella, telefonou para seu colega Luiz Felipe Lampreia.
'Barreira comercial'
Os exportadores argentinos foram os primeiros a reagir à medida brasileira, pressionando o governo a atuar com firmeza e rapidez.
"Logicamente, diante deste panorama de corte do financiamento internacional, muitos importadores brasileiros vão deixar de comprar nossos produtos", disse Enrique Mantilla, presidente da Câmara de Exportadores Argentinos.
O Brasil representa 27,6% das exportações argentinas, bem à frente dos EUA (8,2%).
O comércio entre os dois maiores países da América do Sul cresceu seis vezes desde 1989.
"Esse corte do financiamento é uma barreira comercial não-alfandegária", classificou Mantilla.
A vítima
Para o analista econômico Ricardo López Murphy, os industriais argentinos estão se colocando muito na condição de vítimas.
"Nós temos um superávit comercial com o Brasil de mais de US$ 1 bilhão. Colocamos todos nossos produtos no mercado vizinho. Isso está se transformando em um problema muito sério para o Brasil", afirma Murphy.
Para ele, a Argentina tem de negociar um tratamento especial em razão sua condição de sócio, mas deve também compreender a situação brasileira.
"Os exportadores argentinos agem como se a medida fosse uma provocação direta à Argentina quando, na verdade, é uma decisão que afeta as importações em geral", analisou Murphy.

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