São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 1997 |
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39 cometem suicídio em mansão nos EUA
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Todos estavam deitados sobre camas ou colchões, vestidos com calças, camisas e tênis negros e com mantos púrpureos sobre a cabeça e o peito. Nos bolsos das camisas, estavam documentos, cédulas de US$ 5 e moedas de US$ 0,25, além de notas manuscritas com instruções sobre como misturar uma droga (aparentemente fenobarbitol) com pudim ou molho de maçã e tomar uma dose de vodca. A mistura foi a provável causa da morte. A polícia diz não ter achado sinais de luta ou violência e concluiu que as pessoas cometeram suicídio coletivo em turnos ao longo de uma semana. Um ex-integrante do grupo, identificado apenas como Rio, entrou na casa, viu os corpos e chamou a polícia, anteontem à tarde. Segundo seu patrão, o empresário de Beverly Hills Nick Matzortkis, Rio havia recebido dois vídeos e uma carta dos ex-colegas, em que anunciavam a intenção de "abandonar seus contêineres" (como se referiam aos seus corpos) para viver "uma vida melhor". Eles acreditavam que iriam encontrar um óvni que os esperava atrás do cometa Hale-Bopp e que os levaria para um outro planeta, onde viveria uma civilização superior à humana. Todos os 39 corpos haviam sido identificados na tarde de ontem, mas a polícia só divulgaria os nomes dos mortos após ter se comunicado com seus familiares. Havia um canadense, e os outros 38 eram norte-americanos. O grupo ocupava desde outubro a casa de nove dormitórios no número 18.241 na rua Colina Norte, no condomínio Rancho Santa Fé. O imóvel pertence ao empresário Sam Koutchesfahami, que o comprara por US$ 1,325 milhão em maio de 1994 e o havia colocado à venda há dois meses por US$ 1,6 milhão. Koutchesfahami aguarda que uma corte federal em San Diego decida sua sentença por crimes confessos de evasão fiscal e fraude. Os vizinhos da Higher Source no bairro, um dos mais exclusivos dos EUA, dizem que os integrantes do grupo eram pessoas discretas e educadas. Chamavam a atenção apenas por se vestirem com roupas negras e brancas que pareciam um uniforme e por usarem todos, inclusive as moças, cortes de cabelo tipo escovinha. Seu interesse religioso era conhecido dos vizinhos, mas não detalhes de suas crenças. A secretária da Justiça, Janet Reno, disse que o FBI acompanha o caso, mas que as investigações por enquanto são de responsabilidade da polícia local. Texto Anterior: Pastor Jim Jones levou 900 à morte em 78 Próximo Texto: Para médico, ação teve fases Índice |
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