São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997
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Barcos vão cruzar o Madeira dirigidos só por computador

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a lancha Parecis terminar seu trabalho de mapeamento com a ajuda de satélites, barcaças carregadas de soja poderão percorrer durante o ano todo os 1.060 km da hidrovia do rio Madeira dirigidas apenas por computadores.
O Madeira será, então, a primeira hidrovia brasileira com uma carta náutica (mapa elaborado especificamente para navegação) completamente eletrônica.
Com os dados de latitude, longitude e profundidade obtidos por um GPS (Global Positioning System), o computador de bordo saberá exatamente a localização da embarcação e poderá guiá-la através dos obstáculos acima e abaixo d'água à sua frente.
R$ 58 milhões
Esse é o lado mais sofisticado, mas também o mais barato (R$ 1,3 milhão), de um projeto realizado em conjunto pela iniciativa privada e pelo Estado que deverá consumir pelo menos R$ 58 milhões.
O Grupo Maggi, maior produtor nacional de soja, o governo federal e o Estado do Amazonas se uniram para transformar a hidrovia do Madeira no principal corredor para o escoamento da produção de grãos de Rondônia e do Noroeste de Mato Grosso.
O resultado será a partida, no próximo dia 15, do primeiro navio de longo curso carregado com 50 mil toneladas de soja da Chapada dos Parecis (MT).
Ele sairá do porto de Itacoatiara, na foz do Madeira, com destino a Roterdã, na Holanda.
Distâncias
Pelo caminho tradicional, até o porto de Paranaguá (PR), os caminhões com soja da Chapada dos Parecis precisam trafegar por 2.500 km de estradas.
Até Porto Velho (RO), onde começa a hidrovia do Madeira, o trajeto é de 950 km.
A maior vantagem da troca das rodovias pelo sistema hidroviário é a redução do custo de transporte: 30% mais barato, segundo o principal executivo do Grupo Maggi, Blairo Maggi.
A sua empresa já fez investimentos de R$ 5,5 milhões no terminal de Porto Velho e de R$ 16 milhões no de Itacoatiara.
A flotilha de barcaças, lanchas e empurradores, financiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), deverá custar aproximadamente R$ 28 milhões.
Competição
O gasto deverá ter retorno em breve. Melhores condições de competir no mercado externo devem fazer aumentar a produção de grãos na Chapada dos Parecis.
No próximo ano, a meta é 20%. "E pode chegar a 3 milhões de toneladas. Vai depender das obras prometidas pelo governo na hidrovia", afirma Maggi.
O presidente Fernando Henrique Cardoso deve inaugurar oficialmente a hidrovia do Madeira no dia 10 deste mês.

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