São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997
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Bandoneón e Viola

JUCA KFOURI

A TV Globo entra em Buenos Aires, via CableVisión. E não deixa de ser curioso acompanhar, por três dias que seja, o futebol brasileiro à distância.
Ver Souza fazendo o gol corintiano, mas que ainda não lhe garante vida mais longa na Copa do Brasil diante do Atlético-MG -ou os dois gols santistas que tornam muito difícil a sobrevivência do Inter-RS-, é pouco.
Acontece que como a Globo não tem os direitos da Copa do Brasil, a coisa fica assim, na base pura e simples do registro.
Em relação ao Paulistão é diferente, embora até mesmo o campeão de audiência Corinthians continue a ser esnobado nos sábados, contra os pequenos. Com razão.
Mas o clássico dos invictos Palmeiras e São Paulo invadiu a noite do sábado de Aleluia na novamente deslumbrante capital argentina.
Não que os torcedores do Boca Juniors e do River Plate tenham ficado em casa para ver o duelo paulista -mesmo com o Campeonato Argentino convenientemente parado na Páscoa. Longe disso.
Muitos brasileiros, porém, foram jantar mais tarde na alegre Recoleta e não se arrependeram.
Primeiro, viram os dois gols corintianos em Ribeirão Preto no "Jornal Nacional" -o suficiente para saber que Mirandinha continua sua carreira de ídolo alvinegro, fazendo um belo gol e dando outro para Donizete, após receber de Túlio.
Tinham visto, também, o empate da Lusa com a Briosa, outra peça portuguesa com certeza, daquelas que o time do Canindé gosta de pregar mesmo quando goza do respeito de todos. E se não fosse pela habilidade de Paulinho McLaren (talvez "Williams" lhe faça mais justiça), a tragédia teria sido maior.
Já o clássico teve um primeiro tempo que começou no compasso do frenético bandoneón de Astor Piazzolla e terminou em ritmo de Viola, com um gol que Maradona assinaria com prazer.
O segundo foi ainda melhor, no sofrimento heróico do jovem goleiro Marcelo, que lembrou o pequeno grande Valdir de Moraes, e na ansiedade competente do menino ídolo Rogério, outra vez no gol (sem valer), outra vez na trave -com mais personalidade até que Chilavert, o paraguaio argentino.
Foi mesmo um clássico de invictos -e pelo futebol exibido, o resultado deveria tê-los mantido assim. Só que deu Verde, por una cabeza.

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